Dilma admite que teve 'política defensiva' em relação à crise

Em sabatina do jornal O Globo, presidente indica que pode mudar condução da economia em eventual segundo mandato e volta a criticar autonomia do Banco Central

Por Carla Araujo
Atualização:

São Paulo - A presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), afirmou na manhã desta sexta-feira, 12, que teve uma política defensiva economicamente em relação a crise mundial e voltou a criticar a proposta de independência do Banco Central, defendida por Marina Silva.

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Questionada se mudaria sua condução da economia ou faria tudo igual em um eventual segundo mandato, Dilma afirmou que esse "tipo de colocação é estagnada". "A gente muda com a realidade. Assumo que tive uma política defensiva em relação a crise", afirmou, durante sabatina promovida pelo jornal O Globo. 

A fala da presidente ocorre em meio ao discurso de sua campanha de que ela enfrentou a crise econômica com criação de empregos como forma de mostrar sua capacidade de gerir a economia e indicando que ela está "do lado do povo".

Na entrevista a presidente também voltou a criticar algumas politicas de austeridade, que levaram o mundo a ter a geração "nem-nem", que não tem estudo e nem trabalho. Segundo ela, o Brasil soube segurar o emprego. Dilma destacou ainda que no G-20 há 100 milhões de desempregados. "Eles calculam que até 2030 serão 600 milhões de desempregados. Estamos enfrentando uma crise que não é só nossa."

Questionada como lidará com o baixo crescimento do País, Dilma afirmou que no passado quando havia crise o que se fazia era cortar salários e diminuir o ritmo de investimentos. "É impossível um país enfrentar a crise com esse 'modelito'", afirmou, destacando que um país não tem futuro se parar de investir. Ao ser confrontada com o ritmo em queda de investimento, Dilma disse: "imagina se a gente não tivesse se esforçado". 

Banco Central. Questionada sobre a proposta de independência do Banco Central de Marina Silva (PSB) que vem sendo alvo de ataques da campanha petista, a presidente afirmou que isso poderia representar um "quarto poder". "O quarto poder, que é o poder da independência do BC, é algo extremamente questionável. Uma coisa é autonomia operacional a outra é independência", disse. 

Indagada sobre a sua opinião em 2010, quando em algumas matérias defendeu a independência do BC, Dilma afirmou que "é disso que eu estou falando". "Eu defendo a autonomia operacional. Independência do Banco Central, não", disse, ressaltando que a instituição monetária não é um poder. Segundo Dilma, independência é o que está sendo proposto agora por Marina e autonomia operacional é o que já existe na prática e não precisa ser colocado em lei. 

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Segurança. Ao comentar a situação da segurança no País, a presidente admitiu que o cenário piorou e voltou a defender o maior poder à União para combater a criminalidade."A situação do Brasil sobre a segurança pública piorou, sim. O crime organizado atua de forma organizada. União atua de forma fragmentada", disse.

 Ela voltou a citar o modelo adotado durante a Copa do Mundo de Centros de Comandos de Controle. "A União tem que se tornar responsável pela segurança pública, porque hoje é dos estados. Não pode ser assim. Tem de mudar a Constituição. Não podíamos deixar na Copa uma quebra da segurança pública, então o que fizemos? Centro de Comando de Controle. Cada um cuidava da sua própria hierarquia. Conseguimos um trabalho eficaz", disse. 

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