Desocupação de terra indígena gera conflito em Mato Grosso

1º dia da reintegração de posse da reserva Marãiwatsédé teve confronto entre policiais e produtores rurais

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Por FÁTIMA LESSA e CUIABÁ
Atualização:

No primeiro dia da reintegração de posse na Terra Indígena Marãiwatsédé houve confronto violento entre produtores rurais e policiais. O saldo foi de oito feridos, mas ninguém corre risco de morte. O confronto ocorreu por causa da retirada dos ocupantes não índios da reserva, localizada a 1.064 km de Cuiabá, reconhecida como de propriedade dos índios xavantes.Segundo os policiais, homens do povoado Posto da Mata teriam ido até uma fazenda que estava sendo desocupada e atacado os agentes com paus e pedras. A desocupação da fazenda começou por volta das 12h numa verdadeira ação de guerra. Os oficiais estavam acompanhados de policiais rodoviários federais enquanto um helicóptero sobrevoava a área. Nessa primeira etapa estão sendo desocupadas as grandes propriedades. Segundo levantamento do Ministério Público Federal, grande parte das áreas da reserva Marãiwatsédé está nas mãos de 22 grandes posseiros. O grupo constituído de prefeitos, ex-prefeitos, vereadores, empresários e até um desembargador é dono de mais de 32 fazendas, o equivalente a 44,6 mil hectares. A procuradora Marcia Brandão Zollinger disse que desconhecia o confronto, mas afirmou que "a ordem é cumprir a determinação judicial". A saída dos fazendeiros e posseiros que ocupam a área indígena deveria ter acontecido até o fim do mês de setembro. Poucos dias antes do fim desse prazo, duas decisões do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF-1) suspenderam a desintrusão, desobrigando, temporariamente, a saída dos ocupantes da área. De acordo com o Censo de 2010, a população residente na área da terra indígena Marãiwatsédé é de 2.427 pessoas.

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