Desistências de Barbosa e Huck não esfriam cobiça por ‘outsiders’

Partidos tradicionais ainda apostam na força de não políticos para aumentar as chances nas urnas

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Por Gilberto Amendola
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Uns disseram não. Outros, que ainda não. Mas nenhum dos chamados “outsiders” está completamente fora do jogo. O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, o apresentador e empresário Luciano Huck, o ex-técnico da seleção brasileira masculina de vôlei Bernardo Rocha de Rezende (o Bernardinho) e o jornalista José Luiz Datena ainda serão muito cortejados pelo universo político – e sabem disso. Uma simples foto ao lado de qualquer um deles continua tendo muito valor e apelo eleitoral.

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A desistência ou a relutância dos outsiders tem origens parecidas. Bem-sucedidos em suas áreas de atuação, todos sofrem ou sofreram pressões familiares para não entrar na disputa. Na soma de prós e contras, decidiram pelo não (ou “acho que não”, no caso de Datena).

Observado por Dias Toffoli, Huck defende a renovação política em evento em SP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

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A última baixa entre os outsiders foi a de Barbosa, na semana passada. Ele usou o Twitter para dizer que não pretendia ser candidato à Presidência. O anúncio derrubou os planos do PSB, que já começava a montar uma estrutura para a campanha do ex-ministro – que em pesquisa do Datafolha chegou a ter 10% das intenções de voto, à frente de políticos tradicionais como o ex-governador tucano Geraldo Alckmin. 

Por ora, Barbosa diz que pretende se ausentar do processo eleitoral, mas o PSB não quer ficar distante do capital político que o ex-ministro passou a ter. “Se o ministro tiver disposição, será bem-vindo para debater dentro do partido”, afirmou o governador de Pernambuco, Paulo Câmara. 

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Quem contava com a candidatura Barbosa para alavancar um discurso de renovação tenta se apegar a detalhes. “Não podemos desanimar. No Twitter ele escreveu que não ‘pretende’. E não que ‘não vai’”, disse Lázaro Cruz, da juventude do PSB.

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HUCK DISSE NÃO PELA SEGUNDA VEZ

Se Barbosa tende neste momento a buscar a autopreservação, Luciano Huck segue trilha diferente. Como já declarou diversas vezes, o apresentador vai participar do processo político e eleitoral. 

Desde o dia em que disse “não” (pela segunda vez) ao sonho presidencial, ele intensificou sua presença em grupos que têm como mote a renovação política (renovação de propostas e de candidaturas, principalmente ao Legislativo), caso do RenovaBR e do Agora! Além disso, Huck tem participado de debates públicos sobre reformas para o futuro do País. Em nenhum desses eventos, ele nega com veemência a hipótese de uma candidatura em 2022.

Ao menos no primeiro turno, a tendência é de que Huck não declare apoio a nenhum nome. Não será por falta de vontade. Mas o apoio imediato para um candidato majoritário criaria um conflito de interesses em relação aos grupos de renovação de que participa – que são formados por membros de diversos partidos. No máximo, Huck vai dizer que respeita muito as pretensões eleitorais do ex-governador Geraldo Alckmin e da ex-ministra Marina Silva, presidenciável pela Rede. 

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Neste momento, Huck tem afirmado que seu interesse está na eleição para o Legislativo – e nas chances dos candidatos oriundos do RenovaBr e do Agora!. Ele ainda tem a questão profissional: não está claro se, como funcionário da Rede Globo, poderá declarar abertamente apoio a esse ou aquele nome. 

Huck se aproximou muito do PPS (partido do qual será doador como pessoa física, para fomentar as candidaturas do movimento Agora!). O presidente do PPS, Roberto Freire, deve apoiar a candidatura Alckmin já no primeiro turno, o que pode ser uma indicação do caminho que o apresentador poderá seguir no caso de o tucano avançar na disputa ao Planalto. 

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Se Barbosa tivesse confirmado sua campanha, ele também seria uma opção de voto para Huck. Eles têm uma relação de amizade e os discursos sobre renovação poderiam convergir.

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