
25 de dezembro de 2013 | 02h07
"É mais difícil encontrar essas famílias, o esforço é maior. Quem está na linha da pobreza, tem acesso mínimo (aos serviços públicos). Quem está na extrema pobreza nem sequer sabe aonde ir (para procurar o benefício)", diz a secretária. A maior parte dessas famílias está no extremo sul da capital, em bairros como Grajaú e Campo Limpo. "Boa parte das crianças de 0 a 3 anos dessas regiões não está nem na fila de creche", complementa Luciana.
Segundo a secretária, 189 servidores e três unidades móveis foram usadas no serviço de cadastramento em 2013. A estrutura foi a mesma herdada da gestão anterior, do então prefeito Gilberto Kassab (PSD), que concluiu o governo com 228 mil famílias cadastradas no programa federal.
A operadora de caixa Carolina Carvalho de Jesus, de 28 anos, moradora do Itaim Paulista, zona leste da capital, recorreu a uma dessas unidades para tentar ser inscrita no programa em 2014. Separada, desempregada há um ano e mãe de dois filhos pequenos, Carolina tem feito trabalhos de costura em casa que rendem no máximo R$ 350 por mês. O valor da pensão dos filhos ainda está indefinido e ela diz não contar com ajuda de familiares. "Fui a um Cras (Centro de Referência de Assistência Social) e me avisaram que a carreta estaria aqui. As contas estão ficando apertadas. Meu problema é não ter onde deixar as crianças (para poder procurar um emprego). Não tem vaga na creche", conta.
Focar a busca pelas famílias em situação de extrema pobreza repete estratégia adotada pelo governo federal, que em 2011 lançou o Brasil Sem Miséria, cujo objetivo é encontrar outras 600 mil famílias nessa condição em todo o País. "Fazer o cadastro significa não só dar o Bolsa Família, mas abrir um leque de possibilidades. A ideia foi usar essa busca como instrumento de trabalho para a assistência social", afirma Luciana.
Para 2014, a secretaria terá 350 servidores para elaboração de cadastros e pretende incluir mais 100 mil famílias no programa. Caso a prefeitura atinja essa meta, o índice de cobertura do Bolsa Família na capital ficará próximo a 87%.
Apesar de quase dobrar o número de servidores, Luciana afirma que a quantidade de famílias inseridas no Bolsa Família deve repetir 2013 porque a secretaria precisa atualizar os cadastros de outras 100 mil. A atualização faz parte das exigências do Ministério do Desenvolvimento Social.
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