Deputado critica 'grampos criminosos' em SP

Por Fernando Gallo , Fabio Serapião e JORNAL DA TARDE
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Em guerra com o governo paulista desde que viu derrotado projeto de sua autoria que retira da Segurança Pública a Corregedoria da Polícia Civil, o deputado estadual Campos Machado (PTB) disparou contra o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, e chamou de "desmedido e criminoso" o sistema de grampos telefônicos praticado no Estado."Todos ficaram receosos, senhor secretário de Segurança Pública, receosos do seu poder. Ou alguém tem alguma dúvida sobre o grampeamento que existe em todo o Estado de São Paulo? Que deputado desta Casa pode falar sem receio que não tem seu telefone sob escuta?", indagou Campos em discurso feito no plenário da Assembleia Legislativa na última quarta-feira."Que venha um deputado a esta tribuna e diga: 'Meu telefone não tem nenhuma censura'. Quero um só. Se vier esse deputado temos de encaminhá-lo para a escola infantil de Americana, onde seu neto estuda, tamanha a ingenuidade", continuou.O deputado reclamou da falta de informações oficiais sobre o processo que envolve as escutas e disse que fará um questionamento oficial ao governo. "São elaborados ofícios informando a Corregedoria (da Polícia Civil), o Ministério Público e o Tribunal de Justiça de que foram solicitados esses grampos, e para por aí", sustentou. "Não se sabe quanto tempo continua nem qual é o destino dado às conversas ouvidas. É por isso que nos próximos dias faremos um requerimento, para que sejamos informados do resultado desse grampeamento desmedido e criminoso."Após atacar também o Ministério Público por ajuizar ação contra o auxílio-paletó, Campos Machado disse que a Casa só se viu derrotada no caso porque se "apequena" e "acovarda": "Somos governados pelo Executivo, pelo Judiciário e pelo Ministério Público. Alguém tem alguma dúvida? Alguém acredita ou é ingênuo a ponto de admitir que nós temos independência?"Campos Machado ainda disse que os deputados não são recebidos pelos secretários de Estado, e ameaçou convocar membros do governo na Assembleia. "Não dá mais para fazer de conta que estamos brincando de ser deputados. Esta carteirinha vermelha não serve nem para entrar no cinema de graça." A Secretaria de Segurança não se manifestou sobre o caso.

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