Depósito de R$ 2 milhões para candidato a vereador abre crise no PSL

Campanha de Joice Hasselmann à Prefeitura afirma ter recebido até agora R$ 1 milhão; candidato Abou Anni Filho é filho de deputado Paulo Sergio Abou Anni

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Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e Bruno Ribeiro
Atualização:

Um depósito de R$ 2 milhões feito pelo diretório nacional do PSL diretamente na conta de um candidato a vereador na capital abriu uma crise entre a candidata à Prefeitura Joice Hasselmann e a cúpula do partido. O dinheiro é oriundo do Fundo Especial de Financiamento de Campanha e faz parte da cota total destinada ao PSL: R$ 199,4 milhões.  

A deputada federal e candidata à Prefeitura de São Paulo Joice Hasselmann durante convenção do PSL Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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O valor foi destinado ao candidato Abou Anni Filho, que é filho do deputado federal Paulo Sérgio Abou Anni (PSL-SP). A chapa de candidatos a vereador do PSL na capital tem 83 postulantes. “Houve reclamação dos vereadores pela distorção e o diretório nacional vai reverter esse depósito”, disse ao Estadão o deputado Junior Bozzella, presidente do PSL paulista.

Segundo dirigentes do PSL no Estado, a campanha de Joice na capital receberá R$ 5 milhões, mas até o momento apenas R$ 1 milhão caiu na conta do partido. No domingo, os candidatos a vereador da legenda chegaram a articular uma renúncia coletiva em grupos de WhatsApp, mas o movimento foi contido por Joice. A candidata passou então a pressionar a Executiva Nacional.

“O depósito feito pela Executiva Nacional do PSL na conta de um único candidato em detrimento de outros 82 gerou uma reação imediata e com razão. Eu, como candidata a prefeita, não poderia deixar de sair em defesa dos meus candidatos e candidatas”, disse Joice ao Estadão. “Sempre lutei pelo que é certo e justo e assim continuará sendo. Temos inclusive cotas femininas estabelecidas por lei. Mas depois que expliquei a situação ao presidente do PSL, Luciano Bivar, ele entendeu o erro que foi cometido e agora o valor destinado a Abou Anni filho será devolvido e redirecionado à chapa.”

Em um ato político com candidatos a vereador pela sigla nesta terça, Joice afirmou que considera “pouco provável” que haja um boicote à sua candidatura por ter recebido menos repasse do que um candidato a vereador. “Foi amadorismo. Falta de estratégia política”, afirmou o deputado Junior Bozella, presidente do PSL-SP. Joice disse, ainda, que o candidato já havia gasto R$ 300 mil dos R$ 2 milhões.

De acordo com petição entregue pelos PSL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Direção Nacional (presidida pelo deputado Luciano Bivar) decide como alocar 50% do dinheiro que o partido receberá do fundo eleitoral, ou R$ 99.721.209,90. 

Os outros 50% serão distribuídos entre os diretórios estaduais, sendo que 20% vão ser divididos igualitariamente e os 30% restantes serão rateados seguindo o desempenho de cada Estado na eleição de deputados federais em 2018. Bivar e Abou Anni forma procurados, mas não se manifestaram.

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Repasses. Das dez campanhas que mais receberam repasses do Fundo Eleitoral até o momento na capital, quatro são para postulantes a vereador. Além de Abou Anni Filho, Milton Leite (DEM), Eli Corrêa (DEM) e Mario Covas Neto (Podemos) completam a lista, atualizada com dados de receitas computadas pelo Tribunal Superior Eleitoral até segunda-feira e que ainda devem aumentar.

No caso de Abou Anni e Milton Leite, os valores recebidos (R$ 1,9 milhão para Leite) os colocam entre os 15 maiores beneficiários de todo o País até o momento. Turbinados com os repasses a esses dois vereadores, DEM e PSL são as legendas que mais dedicaram recursos do fundo a candidaturas de vereadores, por ora. Foram R$ 8,4 milhões e R$ 4,4 milhões, respectivamente.

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