O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares é o mais novo empresário bem-sucedido da internet. Depois de Goiânia e São Paulo, Delúbio expandiu os negócios com uma filial de sua empresa em Brasília - duas salas num endereço estratégico, próximo do Congresso, do Palácio do Planalto e dos ministérios.
A Geral Imóveis consiste num site de venda e aluguel de imóveis e terrenos. As imobiliárias pagam para anunciar apartamentos, casas e salas comerciais.
"Contar com a assessoria de um corretor de imóveis para realizar um negócio imobiliário é essencial", escreveu o ex-tesoureiro em sua página no Facebook a 19 de agosto - um dos poucos posts sobre seu negócio, que ele normalmente não cita no blog.
Três dias depois do post, o Supremo Tribunal Federal rejeitou, por unanimidade, embargo de declaração apresentado por Delúbio e manteve a pena de 8 anos e 11 meses de prisão por seu envolvimento no esquema do mensalão. Delúbio foi o responsável pelas finanças do PT durante a campanha presidencial 2002 e, segundo o Ministério Público, teria montado com Marcos Valério o esquema de pagamento a parlamentares para que votassem propostas de interesse do governo.
O escritório em Brasília funciona há um mês no edifício Executive Office Tower Brasília. A Geral existe desde 2007. As duas salas, que somam 60 metros quadrados, são alugadas da União Administração de Bens Ltda., empresa da família Constantino - que também é dona da Gol e de empresas de ônibus. A sede da União fica em São Bernardo do Campo.
O aluguel sai em torno de R$ 2 mil por sala, segundo corretores. O escritório de Brasília tem uma secretária e um gerente-geral. "Você pode me ligar depois", disse ao
Estado
o gerente Carlos Dantas, que, em seguida, desligou o celular. Segundo pessoas próximas a Delúbio, a empresa é a fonte de renda do ex-tesoureiro depois do escândalo. O advogado dele no processo, contudo, é pago pelo PT.
Má gestão.
O talento para os negócios contrasta com a opinião do PT sobre o jeito Delúbio de administrar. Em 2012, o PT acusou o ex-tesoureiro de "má gestão" das contas do partido e o responsabilizou pelas "graves dificuldades no comando da agremiação" durante dois anos do mensalão (2004 e 2005).
As afirmações foram anexadas pelo PT ao processo de julgamento das contas da legenda referentes a 2005. "Delúbio adotou procedimentos próprio que sequer cumpriam as exigências contidas no próprio estatuto do partido. Tampouco haviam sido autorizadas pela direção", diz um texto do partido.