O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), disse ontem que uma candidatura "tardia" do ex-governador José Serra (PSDB) à Prefeitura é uma "definição derrotada"."Não existe essa hipótese porque definição tardia sempre é definição derrotada, então não tem sentido", disse o prefeito ao ser questionado sobre a possibilidade de Serra resolver se candidatar na última hora. "E ele tem dito que não é candidato. Seria até um desrespeito trabalhar com essa alternativa. Cabe a ele essa questão", afirmou, após cerimônia no Tribunal de Justiça.Tucanos ainda pressionam o ex-governador a entrar na disputa, apesar de ele ter dito a aliados, há cerca de um mês, que não quer entrar na eleição. O governador Geraldo Alckmin trabalha para que ele reverta a decisão, mas, assim como Kassab, acha ruim que Serra entre na disputa na véspera da convenção, em junho.Apesar de dizer que se Serra resolver se candidatar o PSD o apoiará, o prefeito trabalha agora por uma aliança com o candidato petista, Fernando Haddad. Para ele, as vaias recebidas durante a festa de aniversário do PT, na sexta-feira, são "um fato normal de uma democracia"."O que existe na cidade de São Paulo, por conta dessa peculiaridade - que nas últimas eleições fomos adversários - é uma polêmica maior: as pessoas se manifestam com mais paixão, os que são a favor aplaudem, os contra vaiam. Isso é normal de uma democracia", disse o prefeito, que completou: "Mas vamos registrar que não somos inimigos".O prefeito afirmou ser "compreensível" que o PT consulte as bases sobre a aliança com o PSD "para a eventualidade de os partidos quererem avançar".Indagado sobre a ação pró-aliança, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse: "O presidente Lula sabe como ninguém, por conta do seu espírito, a importância de as decisões serem amadurecidas no partido".O presidente estadual do PT, Edinho Silva, também comentou ontem a aproximação com Kassab. "Ele está muito a fim de fazer aliança conosco; não é jogo de cena." Kassab disse não descartar a candidatura própria com o vice-governador Guilherme Afif Domingos, embora afirme que esse é um cenário "cada vez mais difícil". / NATALY COSTA, GUSTAVO PORTO e JULIA DUAILIBI