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De partido de bases a um partido da ordem

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Por ANÁLISE: Rudá Ricci , cientista político da UFMG , diretor-geral do Instituto Cultiva e em Belo Horizonte
Atualização:

O PT nasceu prometendo ampla participação dos seus filiados no processo de decisão interna. Ele começou assim. A decisão de não participar da eleição indireta, que fez de Tancredo Neves presidente da República, teve origem num veto da base partidária, contra a vontade de grande parte dos parlamentares petistas.A eleição interna desta semana revela profundas mudanças. A participação direta de Lula e medalhões do partido na convocação de eleitores filiados; a direção quase exclusivamente nas mãos de políticos profissionais; o índice de abstenção, que no Rio de Janeiro foi muito superior a 50%; e as críticas generalizadas de dirigentes sobre um processo desgastante, fratricida e pouco participativo indicam que o partido da participação direta vem se transmutando em partido da ordem. Mais um partido governista.A legenda que foi baseada nos chamados núcleos de base hoje tem na sua presidência um parlamentar que consegue se reeleger com 70% dos votos, o que demonstra um grande desequilíbrio interno. Cabe destacar que Rui Falcão nunca foi o dirigente mais popular no interior do PT. Mesmo assim, como parte de uma corrente majoritária, tendo o apadrinhamento dos principais líderes, consegue essa vitória acachapante. O partido da democracia interna se tornou um partido previsível em que a alternância do poder é cada vez mais questionada pelo próprio processo de escolha de seus dirigentes.

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