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Crise versus apocalipse

Por João Bosco Rabello
Atualização:

O lamentado resultado da Rio+20 pelo ativismo ambientalista tem merecido nos dias que seguiram o encerramento do fórum diversas abordagens críticas - que vão da falta de vontade política dos países desenvolvidos de avançar em ações efetivas pelo desenvolvimento sustentável até à desidratação da chamada economia verde.No primeiro caso, ficou patente a relação de causa e efeito entre o banho-maria imposto ao processo pela crise econômica mundial e a necessidade de financiamentos.À falta de ambição política corresponde a falta de ambição de financiamento pelos países ricos, conforme a síntese do embaixador Luis Alberto Figueiredo (foto), secretário-executivo da Rio+20, ao registrar a rejeição da proposta dos emergentes de um fundo anual de 30 bilhões de dólares para ações de proteção ambiental. Senão no todo, pelo menos em parte, talvez esteja aí a tradução da crítica da presidente Dilma Rousseff ao que chamou de "fantasia" de setores ambientalistas empenhados em impor um ritmo além do possível aos atores do processo - feita antes do encontro por quem já previa seu desfecho. Sai derrotado mesmo da Rio +20, para bem geral, o marketing do apocalipse como pano de fundo da causa ambiental, capaz de mobilizar o mundo jovem, mas que soa criacionista demais ao mundo político, às voltas com uma economia cuja crise se move em tempo real.Governo tenta demover RenanO líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), tem mantido encontros reservados com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Para quem quiser acreditar, Renan diz que a pauta é a violência em Alagoas. Na vida real, Dilma promete apoio a Renan ao governo de Alagoas em troca de sua renúncia à sucessão de Sarney na presidência da Casa. Ela argumenta (com razão), que a candidatura ressuscitará o escândalo que tirou Renan do cargo.Fogo amigo O presidente do PMDB, senador Valdir Raupp, abriu sindicância interna para apurar vazamento de doações da Delta a peemedebistas. Ele acredita que o senador Waldemir Moka (PMDB-MS) é alvo do fogo amigo por se dizer cotado para substituir Eduardo Braga (PMDB-AM) na liderança do governo, que sai para disputar a Prefeitura de Manaus.Almoço grátisO presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), perdeu tempo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que rejeitou seu indicado, Eduardo Martins, para a presidência do Banco do Nordeste, durante almoço na residência da Câmara. O PT ceraense quer a vaga para Jurandir Santiago, investigado pelo Ministério Público. E o PT da Bahia tenta emplacar Paulo Ferraro, ex- diretor de Negócios do banco. Contrariando máxima da política, o almoço de Maia saiu de graça para Mantega.

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