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CPI dos Transportes vai investigar metrô e trem

Empresas controladas pelo Estado serão analisadas pela comissão da Câmara Municipal; 6 dos 7 membros são da base governista do Município

Por Diego Zanchetta
Atualização:

Controlada por vereadores da base do prefeito Fernando Haddad (PT), a CPI dos Transportes da Câmara Municipal de São Paulo vai investigar também os contratos do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), operados pelo governo estadual, do PSDB. Uma manobra de última hora na redação do pedido de comissão aprovado no plenário anteontem garantiu a possibilidade de investigação de todo o sistema de transportes integrado da capital paulista.O presidente da comissão, Paulo Fiorilo (PT), afirma que o sistema de transportes é gerenciado em conjunto e, por isso, o Metrô e a CPTM, assim como os contratos da Prefeitura com as empresas de ônibus, serão o foco dos trabalhos da CPI. "Queremos pedir planilhas para o Metrô e para a CPTM, para as empresas de ônibus e das lotações, tudo o que for dessa gestão integrada", disse o vereador. Fiorilo afirmou que diretores das duas empresas ligadas ao governo do Estado também poderão ser convocados para prestar depoimento.A comissão foi instalada ontem de manhã, mas a escolha do relator, que seria o vereador Milton Leite (DEM), ligado aos perueiros da zona sul, foi adiada a pedido do governo. A cúpula de Haddad quer agora o ex-tucano e hoje governista Dalton Silvano (PV) para a posição. Na avaliação do governo, a relatoria de Leite poderia deixar ainda mais sem credibilidade uma CPI já chamada de "chapa-branca" pela oposição.Seis dos sete integrantes da comissão pertencem à base governista. Líder da Frente Parlamentar Cristã, bloco que tem 17 dos 55 vereadores paulistanos, Eduardo Tuma (PSDB) é o único parlamentar que não defende a gestão Haddad na comissão. Por isso, a bancada do PSDB pede a relatoria do processo. "Colocar o PSDB como relator de uma comissão que já tem o PT na presidência seria uma atitude sensata e plural do governo neste momento, para garantir que a CPI não seja chamada de 'chapa-branca'", argumentou Tuma.As chances de um tucano assumir a relatoria da CPI, porém, é praticamente nula. "O governo ficou feliz com a decisão de a Câmara criar a CPI. Mas não só os ônibus, mas o Metrô, a CPTM e suas planilhas, todo o sistema será alvo da comissão", afirmou ao Estado o secretário municipal de Relações Governamentais, João Antonio.Orientações. A manobra para incluir a possibilidade de investigar o Metrô e a CPTM foi articulada pelo líder de governo Arselino Tatto (PT), que também é irmão do secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. Foi Arselino quem também orientou ontem os vereadores da CPI a adiar a escolha do relator para terça-feira.A orientação para que Leite não fosse escolhido relator da comissão pegou alguns parlamentares de surpresa. "O Milton foi dormir relator e acordou só membro", disse Edir Sales (PSD), vereadora ligada ao ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Leite, por sua vez, declarou que não quer mais ser relator. "Tenho minhas empresas, muito trabalho, não quero ser relator. Só vou ser se for por um sacrifício e não houver acordo entre os colegas", desconversou o vereador, ligado à CooperPam, consórcio de cooperativas que tem 18% da frota de lotações de São Paulo (1.380 veículos em 103 linhas).A primeira sessão da CPI foi marcada para a próxima terça-feira. A comissão funcionará mesmo durante o recesso parlamentar, uma vez por semana.

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