PUBLICIDADE

CPI convoca dois governadores e quebra sigilos de Demóstenes Torres

Caso Cachoeira. Comissão avança com a aprovação dos depoimentos de Agnelo Queiroz (PT-DF) e Marconi Perillo (PSDB-GO) e com pente-fino na relação do senador com o contraventor Carlos Cachoeira, mas Sérgio Cabral (PMDB-RJ) é poupado pelos parlamentares

PUBLICIDADE

Por Eugênia Lopes , Fabio Fabrini e BRASÍLIA
Atualização:

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira aprovou ontem a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Com a ajuda dos tucanos, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), foi poupado de ser obrigado a ir à CPI para explicar sua relação com o principal acionista da Delta Construções, o empresário Fernando Cavendish. No caso do petista, a insatisfação da base com o Planalto foi decisiva para a convocação dele.A CPI aprovou também a quebra do sigilo bancário, fiscal, telefônico, de e-mail, mensagens e de Skype do senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO), acusado de integrar o esquema ilegal do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira (leia abaixo). As votações da quebra dos sigilos do governador Perillo e dos deputados Sandes Júnior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e Stepan Nercessian (PPS-RJ) foram adiadas para a próxima sessão legislativa da CPI, marcada para 12 de junho.A aprovação da convocação do petista Agnelo foi uma resposta dos partidos da base ao tratamento dispensado pelo governo Dilma Rousseff aos aliados. O PP, o PSB, o PR, o PTB e o PSC votaram a favor da ida do petista à CPI para marcar posição contra o atraso na liberação de verbas de emendas e no preenchimento de cargos de segundo e terceiro escalões. O PMDB também está insatisfeito com o governo, mas decidiu acompanhar o PT, que votou contra a ida de Agnelo, em troca do apoio à não convocação de Cabral. Foram 16 votos favoráveis à convocação de Agnelo e 12 contra. Com o voto de três parlamentares do PSDB, o governador Cabral escapou de ser convocado para depor na CPI. Ex-tucano, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, hoje no PMDB, teria intercedido a favor de Cabral entre seus ex-colegas de partido. "A CPI deve investigar o que está no seu escopo. Não há nenhuma referência do Sérgio Cabral com o Cachoeira", afirmou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos tucanos que votaram contra a ida de Cabral à CPI. Salvação. Além dele, outros dois tucanos votaram para salvar o governador do Rio: o senador Cássio Cunha Lima (PB) e o deputado Domingos Sávio (MG).Durante a CPI dos Correios, que desvendou a existência do mensalão, Sampaio fez dobradinha com o então deputado Eduardo Paes. Ontem, o tucano paulista negou que tenha sido procurado pelo prefeito para salvar Sérgio Cabral. "Se fosse para eu proteger alguém, eu ia proteger o meu governador (Marconi Perillo) e não o Sérgio Cabral."Foram 17 votos contra a convocação do governador peemedebista e 11 favoráveis. Ou seja, sem a ajuda dos tucanos, a votação teria ficado empatada, estabelecendo um impasse na CPI. "Vamos chamar o governador do Rio de Janeiro porque ele pôs um guardanapo na cabeça e ficou dançando?", perguntou o senador Humberto Costa (PT-PE), ao defender Cabral. "Está claro que o Sérgio Cabral não foi cooptado pela organização criminosa do Cachoeira", emendou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG). Em sua avaliação, a presença neste momento dos dois governadores na CPI servirá apenas para "dar palanque" para eles se defenderem e "dizerem o que quiser". Não foi marcado o depoimento de nenhum dos dois governadores. Cunha não descartou a possibilidade de convocação futura de Cabral, caso apareçam indícios de sua participação no esquema ilegal de Cachoeira. Antes de ser derrotado na convocação de Agnelo Queiroz, o relator Odair Cunha desistiu de quebrar o sigilo de Marconi Perillo. Durante a discussão do requerimento, a maioria dos aliados deixou claro que votaria pela quebra dos sigilos dos três governadores e não apenas do tucano, como defendeu o relator do PT.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.