BRASÍLIA - Um vídeo que mostra uma pessoa com uniforme dos Correios distribuindo panfletos da campanha da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, de porta em porta foi veiculado nesta quinta-feira, 2, na internet. A gravação de 29 segundos foi divulgada em em meio às suspeitas de uso político da estrutura da estatal em favor da petista.
O vídeo não indica onde foi feita a gravação. Mostra o suposto funcionário da estatal entregando o material de campanha em estabelecimentos, até mesmo para a pessoa que registrou as imagens. Nesta quinta-feira, o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, disse que a empresa vai apurar a entrega de por um carteiro. Pinheiro, porém, disse que a princípio não viu irregularidade. “Não há, pelo o que eu vi, uma ilegalidade.”
O presidente da estatal, que convocou a coletiva para rebater as suspeitas contra os Correios, alegou que se trata de entrega de material de campanha em “mala direta domiciliária não endereçada”.
Segundo ele, nessa modalidade, os comitês partidários contratam a entrega das propagandas em uma determinada localidade, mas não especificam um endereço. Os carteiros deixam os objetos de campanha para a pessoa que, “se supõe, mora ou está no estabelecimento”, de acordo com Pinheiro.
Ele afirmou que os Correios vão buscar identificar o carteiro e apurar qual trajeto ele estava fazendo. “Nosso departamento vai ver a rota e se ele fez o que está certo. É óbvio que, identificando o carteiro e constatando que não era (mala direta domiciliar sem endereço), vamos ter de investigar.”
Questionado sobre o fato de o carteiro ter entregue os panfletos também para as pessoas que filmaram as cenas, Pinheiro justificou o procedimento e disse que elas “estavam paradas na frente do domicílio”. “Me parece que ele está cumprindo o papel dele.”
O presidente dos Correios acusou o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, de tentar “manchar a imagem” da empresa. Pinheiro, ligado ao PT, convocou toda a cúpula dos Correios para defender a atuação da empresa na distribuição de material político nas eleições. “A candidatura (de Aécio) está atacando a imagem institucional dos Correios.”
Aécio anunciou anteontem que sua campanha entraria com representações na Justiça Eleitoral contra o que considerou uso da infraestrutura da estatal em favor de Dilma e do candidato do PT ao governo de Minas Gerais, Fernando Pimentel.
Os tucanos alegam que a empresa boicotou o envio de 5,6 milhões de correspondências a eleitores no Estado, fato que os Correios negam. Citam ainda a entrega, pela empresa, de 4,8 milhões de panfletos da petista sem chancela, caso revelado pelo Estado. Ontem, Pinheiro disse que os comitês de Aécio e de Pimenta da Veiga, candidato do PSDB ao governo de Minas, representam 40% dos 32,7 milhões objetos de campanha intermediados pelos Correios. Pinheiro disse que foram relatados casos de extravio, mas que, uma vez comunicado o problema, as correspondências foram reenviadas.
Segundo ele, os Correios estudam adotar medidas judiciais para pedir reparações. Pinheiro ainda defendeu a atuação de funcionários dos Correios em eventos partidários fora do horário de expediente. Ele estava presente em um ato da campanha de Pimentel na qual o deputado estadual Durval Ângelo (PT) diz que Dilma só chegou a 40% das intenções de voto em Minas porque “tem dedo forte dos petistas nos Correios”, como revelou o Estado.
