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Congresso perde poder de investigar Planalto

Depoimento do ministro ontem expôs perda da capacidade de vigilância e fiscalização do Legislativo diante da tropa de choque governista

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Por Eduardo Bresciani e BRASÍLIA
Atualização:

A combinação de maiorias parlamentares, mobilização de tropa de choque e a mão de ferro dos presidentes da Câmara e do Senado esvaziou o poderio de investigação e a capacidade de ferir o Planalto das comissões do Congresso. Ontem, durante quatro horas, a comissão representativa do Congresso Nacional deu mais um exemplo da perda da capacidade de vigilância e investigação do Legislativo: poucos questionamentos foram apresentados ao ministro da Integração, Fernando Bezerra. Para a base aliada, sempre em maior número, era mais importante manifestar apoio ao ministro e aproveitar para cobrar a liberação de alguns recursos para sua base eleitoral. A bajulação a Bezerra repetiu o que já acontece frequentemente em comissões temáticas da Câmara e do Senado. Foi assim, por exemplo, com Wagner Rossi, Orlando Silva e Carlos Lupi. Ambos saíram do Congresso protegidos pelo apoio da base, mas não resistiram a novas denúncias. Audiências como a de ontem mostram que o Congresso parece desaparelhado para fiscalizar os atos do poder Executivo. Principal instrumento de investigação no passado, as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) estão em extinção. Em 2011, mesmo com a queda de sete ministros sob suspeita de corrupção, a oposição não conseguiu apoio para instalar qualquer apuração sobre os casos. A desmoralização das CPIs vai além e mesmo quando se consegue o apoio necessário de um terço da Casa as investigações não saem do papel. No ano passado, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), segurou despachos e não permitiu a instalação de nenhuma CPI. Anestesiada, a oposição sequer fez algum protesto veemente sobre o tema.

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