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Conclusão de órgão atropela roteiro da reforma ministerial

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Por Redação
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Análise: Vera RosaEmparedada pela Comissão de Ética, a presidente Dilma Rousseff não terá muita opção, daqui para a frente, a não ser mandar Carlos Lupi desocupar a cadeira no Ministério do Trabalho. Até agora, ela segurou Lupi em nome de uma estratégia bem definida: aguardar a reforma ministerial, prevista para o fim de janeiro de 2012. A espera não ocorreu à toa. Dilma avalia que o Ministério do Trabalho, envolto em denúncias de cobrança de propina, não deve mais ser entregue ao PDT de Lupi, o presidente licenciado do partido. Se tirasse o ministro logo após as denúncias, porém, teria de dar ao PDT o direito de indicar o sucessor do defenestrado. O script foi seguido à risca em outras cinco demissões. Só não foi assim no caso da dispensa de Alfredo Nascimento dos Transportes, em julho. O PR - que saiu "mas não saiu muito" da base aliada, como diz a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti - até hoje se queixa por ter sido o único partido que teve de ajoelhar no milho, sem indicar o substituto de Nascimento, hoje senador. O plano de Dilma, agora, é mexer as peças da Esplanada, mudando os partidos de lugar na reforma da equipe. Ela planeja entregar ao PDT, por exemplo, o Ministério da Agricultura, que deverá ser fundido com a Pesca. Nesse cenário, o nome mais cotado para a vaga da Agricultura, hoje comandada pelo PMDB, é o do senador Osmar Dias (PDT-PR). A inédita decisão da Comissão de Ética da própria Presidência, porém, tende a apressar a saída de Lupi. O colegiado recomendou a demissão do titular do Trabalho, sob a alegação de que ele deu explicações "insatisfatórias" às acusações de fraude em convênios firmados com ONGs. Por muito menos, Dilma dispensou o então ministro do Esporte, Orlando Silva (PC do B), depois que ele passou a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Diante da crise, o PT pressiona Dilma para retomar o ministério que foi do partido durante o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. Lupi entrou na Esplanada em 2007 e, desde então, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), braço do PT, vive em pé de guerra com a Força Sindical, ligada ao PDT. O desfecho dessa novela ainda é imprevisível, mas seus integrantes sabem que a duração será mais curta do que o previsto na semana passada.

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