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Comissão quer perito russo para analisar corpo de Goulart

Exumação foi decidida por colegiado a partir de série de suspeitas de que ex-presidente teria sido assassinado na Argentina

Por Wilson Tosta e RIO
Atualização:

A Comissão Nacional da Verdade montará uma equipe de peritos internacionais antes de pedir a exumação do corpo de João Goulart com o objetivo de esclarecer a causa da morte do ex-presidente, em 1976. A comissão e o Ministério Público Federal pretendem apurar suspeitas de que Jango teria sido envenenado, supostamente em uma ação da Operação Condor - colaboração entre órgãos de repressão das ditaduras sul-americanas nos anos 1970 e 1980. Segundo a versão oficial da época, o ex-presidente morreu em Mercedes, na Argentina, vítima de um ataque cardíaco. A estratégia da Comissão da Verdade foi acertada ontem pela ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, e pela advogada Rosa Cardoso - integrante do colegiado -, em reunião na seccional do Rio de Janeiro da Ordem dos Advogados do Brasil, com participação do presidente da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Barbosa. "Fizemos uma reunião hoje para definir uma série de contatos que temos que fazer com esses peritos, que são de países diferentes. São da Argentina, do Uruguai. Há previsão até de um perito russo, porque a Rússia é um país que tem perícias muito desenvolvidas. Vamos ter de nos organizar para depois poder definir uma data para a perícia", afirmou Rosa. Familiares de Jango eram esperados na reunião, mas não compareceram. "Ainda precisamos conversar, porque eles têm a legitimidade, como família, para pedir ao Estado brasileiro essa diligência." Quem representa a família nas conversas é João Vicente, filho do ex-presidente. A exumação terá de ser requerida à Justiça em São Borja (RS), onde o ex-presidente foi sepultado. Jango foi deposto pelo golpe militar de 31 de março de 1964. Ustra. A Comissão da Verdade decidiu abrir ao público a sessão em que tomará o depoimento do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, amanhã, em Brasília. A decisão abre caminho para que ex-presos políticos, pessoas torturadas e familiares de mortos e desaparecidos na ditadura militar possam assistir ao depoimento. A presença do militar, porém, ainda não está confirmada. Ustra comandou, entre 1970 e 1974, um dos principais centros da repressão política do País, o DOI-Codi do 2.º Exército, em São Paulo. O nome dele é um dos mais citados em denúncias de violações de direitos humanos no período ditatorial. / COLABOROU ROLDÃO ARRUDA

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