
15 de novembro de 2013 | 02h07
Há outras manifestações do sistema jurídico que poderiam responsabilizar e comunicar a gravidade dos atos ilícitos. Mas por revanchismo, automatismo ou desejo de que alguém pague a conta das nossas insatisfações, qualquer resultado diferente da prisão seria visto como impunidade.
Não é novidade que a prisão não cumpre as funções que se atribui. Ainda assim, o Brasil é o quarto país que mais encarcera no mundo, submetendo a tratamento degradante mais de meio milhão de pessoas.
Mas os réus de agora não são a clientela típica do sistema prisional. O problema aqui é o efeito "cortina de fumaça". A prisão dos réus obscurece um debate sério sobre reformas institucionais, transparência no financiamento de campanhas políticas, fortalecimento dos mecanismos de controle.
A imagem dos réus aprisionados pode colocar a perder uma janela de oportunidade importante: discutir a sério uma reforma das nossas instituições e o aperfeiçoamento da democracia. Isso valeria comemoração.
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