Com principal líder preso, MDB-BA oficializa candidato ao governo

No evento do ex-ministro da Integração Nacional, lideranças da sigla defenderam ou buscaram se desvincular de Geddel

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Por Yuri Silva
Atualização:

SALVADOR - Com sua principal liderança, Geddel Vieira Lima, na prisão, o MDB da Bahia oficializou nesta quarta-feira, 1º, na sede do diretório da legenda em Salvador, a candidatura do ex-ministro da Integração Nacional João Santana ao governo baiano nas eleições 2018. As lideranças que discursaram na convenção estadual do partido procuraram defender o ex-ministro, preso desde setembro de 2017 e réu por lavagem de dinheiro e associação criminosa no caso dos R$ 51 milhões encontrados em um apartamento na capital baiana, ou se descolar de sua imagem.

A principal defesa foi feita pelo deputado federal e candidato à reeleição Lúcio Vieira Lima (MDB-BA), irmão mais novo de Geddel e réu no mesmo processo, que chamou a prisão do ex-ministro de "absurda". "Geddel, pelo que me consta, é ficha limpa. Ele não tem condenação. Ele está lá numa prisão preventiva absurda, de um ano, e não é julgado. Mas não cabe a mim discutir. Se é assim que está agindo o Judiciário, tem que respeitar", disse, afirmando que "o candidato (ao governo da Bahia) é João Santana".

Ex-ministro da Integração Nacional, João Santana é o candidato do MDB para o governo baiano nas eleições 2018 Foto: Divulgação/Assessoria

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Santana, por sua vez, disse que "todos os partidos estão tendo que responder pelos seus malfeitos e posturas inadequadas" e afirmou que "94 mil emedebistas da Bahia não podem ser julgados pelos atos de um ou dois". "A minha história é digna", disse.

Em seu discurso, Santana também tentou se apresentar como novidade. "Sou o candidato mais velho na idade, mas represento o que tem de mais novo na política", afirmou, ao ser questionado se o partido se contradiz ao defender renovação política e, ao mesmo tempo, lançar candidatura de militantes históricos. João Santana tem 74 anos e o candidato ao Senado na chapa emedebista, Jorge Vianna, 80.

Vianna também procurou deslocar sua imagem do ex-ministro preso. "O MDB existia antes de Geddel e é maior do que ele", disse. Para o candidato ao Senado, o erro cometido pelo MDB foi "se aliar ao PT", que, segundo ele, traiu a legenda "o tempo todo".

Geddel também foi exaltado. O prefeito de Vitória da Conquista, no sul da Bahia, Herzem Gusmão, por exemplo, declarou que o ex-ministro foi "um dos políticos que mais trouxe obras para a Bahia".

O evento também referendou a candidatura a vice-governadora da professora da rede estadual de ensino Jeane Cruz. "É uma candidatura de resgate da origem do MDB, do MDB histórico, do MDB de Ulysses Guimarães. O partido começa agora a buscar as suas bases, nos movimentos sociais e nas suas entranhas", afirmou a candidata.

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A segunda vaga para o Senado será oferecida a um nome indicado por outra legenda. A oficialização da aliança vai acontecer no prazo-limite "para evitar o assédio de adversários ao partido", segundo o deputado Lúcio Vieira Lima. Sozinho, o MDB tem 4 minutos no horário eleitoral de rádio e TV, tempo que deverá ser usado pelo partido para relembrar momentos históricos da legenda.

A MDB da Bahia não lançava um nome próprio na disputa pelo Palácio de Ondina desde 2010, quando Geddel rompeu as relações com com o então governador do Estado, Jaques Wagner (PT), foi candidato a governador e recebeu 15,5% dos votos válidos, ficando em terceiro lugar.

O encontro também teve espaço para a defesa do governo Michel Temer, da pré-candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles ao Palácio do Planalto, além de ataques ao PT e ao prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto. Nome preferido das oposições para disputar o governo da Bahia, o líder do DEM não renunciou à prefeitura de Salvador, desistindo de disputar as eleições 2018.

"Diferente de nós, houve companheiros que mergulharam no mar atrás do canto da sereia", discursou Lúcio durante o evento, referindo-se a deputados do MDB que deixaram o partido após rompimento com o ACM Neto. O deputado também acusou o PT de se aliar a figuras ligadas ao carlismo - grupo político que dominou a política baiana durante décadas, sob o comando do ex-ministro Antônio Carlos Magalhães, morto em 2007.

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