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Com padre Julio, Covas intensifica agenda ligada a minorias

Prefeito cumpre agenda com Julio Lancellotti, da Pastoral Povo da Rua; religioso sofreu críticas do deputado Arthur do Val

Por Bruno Ribeiro
Atualização:

Às vésperas do início oficial da campanha eleitoral na capital paulista, o prefeito Bruno Covas (PSDB) intensificou a agenda de eventos e pautas ligadas à esquerda. Candidato a reeleição, Covas esteve na quarta-feira, 16, com o padre Julio Lancellotti, da Pastoral Povo da Rua, após o religioso ter sido alvo do candidato Arthur do Val (Patriota).

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

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Foi a segunda agenda pública do prefeito com o padre em duas semanas. Na quarta, ambos estiveram em uma visita ao Hospital da Bela Vista, no centro, uma unidade aberta em abril para atender pacientes do coronavírus – a unidade teve o nome alterado para Hospital Municipal Santa Dulce dos Pobres e passará a ser referência para moradores de rua. 

“Se tem alguém imparcial para falar do padre Julio sou eu. Porque a todo o momento ele critica, ele cobra, ele requisita. É para mim, é para a secretária (de Direitos Humanos) Berenice (Giannella), é para o secretário (da Saúde) Edson (Aparecido), é para o governador João Doria. A todo o momento, está reclamando e criticando. Mas nunca, nesses quatro anos que estive na Prefeitura, ele reclamou alguma coisa para ele. Sempre foi lá para pedir para a população em situação de rua”, disse Covas.

A defesa se deu após Lancellotti registrar um boletim ocorrência de ameaça. O padre afirma ter sido agredido verbalmente por um homem em uma moto, na zona leste. Segundo Lancellotti, o agressor o xingou, disse que ele defendia “noias” e ameaçou “colocar fogo” em moradores de rua. O padre faz relação entre a suposta ameaça e as críticas que têm recebido do candidato do Patriota, membro do MBL

A agenda com o padre já havia sido combinada com a equipe de Covas antes deste episódio. Na semana passada, Covas e Lancellotti também já haviam se encontrado, durante uma visita a uma organização não governamental no centro que atende a população de rua.

Em outro aceno a pautas progressistas, Covas foi pessoalmente na Câmara Municipal, na quinta-feira passada, entregar um projeto de lei que dá aos 12 Centros de Educação Unificados (CEUs) que ele irá inaugurar nomes de figuras históricas negras do País. A ida do prefeito à Câmara para entregar em mãos algum projeto de lei é fato raro, que só ocorre quando o chefe do Executivo quer dar importância à norma que quer ver aprovada.

Na ocasião, o prefeito afirmou que estava “dando resposta a uma das demandas grandes que nós temos na cidade e no mundo, que é reduzir o racismo, inclusive mostrando que eles (negros) já contribuíram e têm contribuído para a formação do nosso País”.

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Ainda na semana passada, ele fez outro aceno à população negra: editou um decreto que proíbe guardas-civis municipais de aplicar o enforcamento com braços, o “mata-leão”, em suspeitos detidos. A reivindicação é uma agenda que a Faculdade Zumbi dos Palmares, da capital, defende junto à polícia militar, que ganhou força após os protestos nos Estados Unidos após assassinatos de suspeitos negros por policiais brancos.

No entanto, ações do prefeito também são criticadas no campo da esquerda. Nesta quarta, Covas vetou um projeto de lei do vereador Toninho Vespoli (PSOL) que proibia a retirada de pertences de moradores de rua, o chamado “rapa”. O texto dava garantias a quem teve os bens apreendidos de que poderia reaver seus pertences. A Prefeitura informou que o veto teve “razões técnicas”, uma vez que a garantia estaria prevista em outras regras municipais.

“Este projeto havia sido escrito em conjunto com a Defensoria”, disse Vespoli. Para o parlamentar, “Covas vinha buscando aproximação da população de rua, do padre Julio, e já tinha feito ações no passado, como a escolha do Alê Youssef para a secretaria da Cultura e a exibição de peças proibidas pelo presidente”. Por outro lado, segundo o vereador, “ele veta um projeto que ligado aos moradores de rua, ao que parece, porque o vereador é do partido de um candidato que está bem colocado”, afirmou Vespoli, em referência a Guilherme Boulos (PSOL).

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