Collor apresenta requerimento para convocar subprocuradora

O senador do PTB-AL justificou pedido com base no depoimento à comissão do delegado Raul Marques de Souza

Por Ricardo Brito e BRASÍLIA
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O senador Fernando Collor (PTB-AL) apresentou ontem requerimento para levar a subprocuradora-geral da República Cláudia Sampaio Marques à CPI do Cachoeira. O pedido de Collor para convocar Cláudia, mulher do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, baseia-se no depoimento que o delegado Raul Alexandre Marques Sousa, responsável pela Operação Vegas, prestou na semana passada em sessão reservada da CPI. Nele, o delegado disse que a subprocuradora, designada pelo marido para cuidar do caso, não encontrou indícios para pedir abertura de investigação contra parlamentares por envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira em 2009 no Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista ao Estadão publicada na segunda-feira, Cláudia disse que a decisão de segurar a apuração foi tomada à época em conjunto com Marques Sousa. "Não foi uma decisão minha. Foi nossa. Entendi que não tinha elementos na época para ir ao STF. Poderia ter conversas relevantes no aspecto político ou ético, mas não tinha crime. Decidimos que era conveniente esperar", afirmou ela, que se pôs à disposição da CPI. E atribuiu o questionamento feito por parlamentares à sua atuação a uma tentativa de desgastar seu marido às vésperas do julgamento do mensalão. Collor disse que a atuação de Cláudia e Gurgel - contra quem ele já havia apresentado requerimento para ouvir - no episódio foi "nebulosa". No texto, Collor afirmou que é preciso entender os motivos que levaram o MP a "não tomar providência quanto ao caso, já que não houve arquivamento, solicitação de novas diligências nem oferecimento de denúncia junto ao STF". O pedido para ouvir o casal pode ir à votação na CPI na quinta-feira. Sem motivo. Senadores da base e da oposição não veem motivos para convocar Cláudia. O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), disse que a prioridade é seguir o cronograma de depoimentos e análise dos documentos até para saber se há, de fato, contradição entre as versões do delegado e da subprocuradora. "Não estamos insistindo nem desistindo de convocar ninguém", ressaltou Pinheiro. O líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), disse que chamar Cláudia é "desviar o foco", que se deve centrar nas relações de Cachoeira com agentes públicos e privados. Ex-procurador da República, o senador Pedro Taques (PDT-MT) disse que, mesmo com o interesse de Cláudia, há impedimento previsto na Constituição e no Código de Processo Penal para ela depor, pois não poderia ser testemunha de um caso no qual já atuou. O mesmo valeria para Gurgel.

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