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Candidatos trocam ofensas e intensificam contrapropaganda às vésperas do 2º turno

Coordenação da campanha serrista afirmou que Haddad é 'delinquente'; petista reclamou da postura do adversário

Por FELIPE FRAZÃO E RICARDO CHAPOLA
Atualização:

A dois dias da votação, a campanha pela Prefeitura de São Paulo virou uma guerrilha eleitoral na rua e um palanque de ofensas entre os candidatos. Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB) trocaram acusações enquanto cabos eleitorais distribuíram por toda a cidade panfletos agressivos.A coordenação da campanha serrista afirmou, em nota, que Haddad é "delinquente". O comitê do tucano repudiou cartazes apócrifos em que o candidato aparece numa foto segurando uma arma acima das frases "Serra é cúmplice do extermínio da juventude negra e pobre" e "Serra é cúmplice da violência contra as mulheres". O PSDB atribui a distribuição do material ao PT. O comitê de Haddad nega a autoria do material e afirma que Serra age com "desespero"."Quem quer ser prefeito de São Paulo não pode se apresentar como um delinquente que não respeita as leis municipais que conservam a cidade limpa", disse a campanha de Serra. Em referência ao protocolo de trégua nos ataques mútuos proposto por Haddad durante debate da TV Bandeirantes, na semana passada, a campanha disse que o PT faz "cinismo". Além dos cartazes apócrifos, as campanhas produziram panfletos oficiais e sites com ataques a propostas e acusações de ligação com corruptos.Pela manhã, Haddad afirmou que Serra "violenta seus direitos" na campanha. Em discurso a organizações sociais de moradores de rua, catadores e povos indígenas no Bom Retiro, região central, Haddad criticou a campanha de Serra, classificada como "rasteira": "O problema é que vocês são violentados nos seus direitos todo santo dia. Eu estou sendo nos 60 dias de campanha", reclamou Haddad. "Eu me solidarizo com vocês, porque senti o gosto do que é sofrer na mão desse cidadão."Ainda no discurso, Haddad reclamou da postura de Serra. Depois, afirmou que ele "não tem coragem de fazer na frente o que faz pelas costas". O ex-ministro da Educação fez referência ao boato divulgado na noite de quinta-feira segundo o qual o MEC teria cancelado a realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ele imputou a Serra a disseminação do boato. Durante a gestão de Haddad, a prova teve problemas de aplicação e chegou a vazar em 2009, quando o MEC decidiu pelo cancelamento. "Foi uma batalha dura, vocês estão acompanhando. É uma campanha que não é simples. Ontem vocês viram o que meu adversário andou fazendo por aí. É um jogo... É um jogo pesado", disse Haddad, ao ouvir da plateia que Serra fazia "jogo sujo"."Se fizer um repertório de tudo o que tivemos de fazer chegar ao conhecimento das autoridades, sites falsos, boatos falsos, panfletos apócrifos... Não entendo como alguém com tantos anos de vida pública se dispõe a um jogo tão rasteiro faltando dois dias para a eleição", disse o petista. "Realmente, está passando dos limites." O MEC pediu que a Polícia Federal investigue o boato sobre o cancelamento do Enem. Integrantes da pasta atribuem a divulgação da informação falsa a Eden Wiedemann, da equipe de mídias sociais da campanha de Serra.Bate-boca. Na tarde desta sexta-feira, 27, Serra disse ser uma infâmia a imprensa repercutir a acusação feita pelo MEC contra seu assessor. Para o tucano, o PT usa veículos de comunicação para fazer mentiras parecerem verdadeiras. "É exatamente o propósito que eles (petistas) têm. Eles espalham uma mentira, esperam que a imprensa compre e fique batendo na mentira até que ela pareça verdadeira. Isso é uma infâmia", afirmou em casa, no Alto de Pinheiros, zona oeste. Questionado sobre as respostas de Haddad relacionadas ao boato, Serra acusou o rival de ser especialista em fazer "jogo sujo": "Não tem ninguém que joga mais sujo do que eles (do PT)".Também disse que o PT "usa e abusa" da máquina federal para fazer campanha por Haddad: "A própria presidente da República (Dilma Rousseff) viaja com dinheiro do contribuinte para São Paulo. Viagens que não custam menos que R$ 1 milhão".

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