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Brics, uma aliança que ainda pode render

Países tornaram-se peça central da política externa brasileira, mas popularidade não esconde problemas

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Por Lisandra Paraguassu
Atualização:

A sigla Brics, criada em 2008 pelo economista Jim O'Neill para designar Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, transformou-se, nos últimos cinco anos, em uma peça central da política externa brasileira. A relação com o grupo cresceu bastante e, de uma coordenação econômica, passou a incluir também as questões políticas. A popularidade da sigla, porém, não esconde seus problemas.

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O mais recente deles, há cinco meses, foi quando a Rússia anexou a região ucraniana da Crimeia: a ordem no Planalto foi manter o silêncio, posição que foi criticada na Europa e nos EUA. Meses depois, com as sanções contra a Rússia, veio o retorno: o Brasil foi promovido a um dos principais fornecedores de carne e outros alimentos para a Rússia.

Mesmo sem o impacto da decisão russa, o comércio entre eles já estava crescendo. As exportações do Brasil chegaram a US$ 2 bilhões até julho - um superávit de US$ 381,67 milhões. A expectativa é que as vendas possam voltar, este ano, aos US$ 4 bilhões de 2011 - em 2013 chegaram a US$ 2,9 bilhões.

O comércio, na verdade, cresceu com todos os quatro países - mas nem sempre a favor do Brasil. De 2009 para 2013, o superávit brasileiro foi de US$ 826 milhões para US$ 1,26 bilhão. No entanto, o déficit com a Índia cresceu de US$ US$ 1,22 bi para US$ 3,23 bi. 

Desde 2009, os Brics aproximam o Brasil dos outros quatro integrantes do grupo. Desde 2011 a presidente Dilma Rousseff visitou todos eles - a África do Sul por três vezes. O presidente russo Vladimir Putin chegou a afirmar que os Brics seriam um contraponto ao poder dos EUA e da Europa. 

A visão não é partilhada pelos demais sócios, incluindo o Brasil, que têm mais proximidade com os EUA. Mas o bloco hoje é, de fato, um instrumento de coordenação política e autoproteção. Seu primeiro resultado prático surgiu na Cúpula de Fortaleza, que aprovou a criação do banco de desenvolvimento e do Arranjo Contingente de Reservas, instituições-espelho do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, onde nenhum dos Brics tem voz ativa.

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