Braga Netto vence Tereza Cristina no setor ruralista em sondagem para vice de Bolsonaro

Levantamento informal apresentado ao Palácio do Planalto endossa nome do general, que vem sendo citado pelo presidente para sua chapa na disputa à reeleição

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Por Felipe Frazão
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BRASÍLIA - A provável escolha do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto para compor como vice a chapa de Jair Bolsonaro (PL) à reeleição foi precedida de sondagens que mostraram a predileção pelo general na base do presidente. E não só na caserna. O general Braga Netto, que também se filiou ao PL, liderou uma consulta entre integrantes do agronegócio que dão apoio ao governo, e desbancou nomes como o da ex-ministra da Agricultura e deputada federal Tereza Cristina (PP-MS).

O levantamento informal chegou ao Palácio do Planalto e foi discutido em conversas reservadas no gabinete presidencial. Bolsonaro estimulou a sondagem, bancada por atores do agronegócio, segundo integrantes do governo. A ideia de testar os nomes surgiu depois que Tereza Cristina passou a ser ventilada como opção, com a simpatia da ala política, para compor a chapa com Bolsonaro. O levantamento acabou servindo para endossar uma vontade que já é do próprio presidente, de ter Braga Netto como vice na sua chapa.

Braga Netto e Bolsonaro conversam durante cerimônia no Planalto. Foto: Gabriela Biló/ Estadão

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A “prévia” entre Braga Netto e Tereza Cristina revelou a preferência pelo general de quatro estrelas do Exército até mesmo entre setores do campo que estão com Bolsonaro. O ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, hoje assessor especial do presidente, despontou com preferência amplamente majoritária, sem ser “ameaçado”. Tereza Cristina, bem avaliada pelo agronegócio exportador, seria a segunda opção, mas muito distante do oficial da reserva.

O nome de Braga Netto é dado como certo por atores do agro mais ligados aos produtores rurais, como o pecuarista e revendedor de tratores Osmair Guareschi, do Progressistas, ativo na organização do apoio ao presidente na região de São José do Rio Preto (SP). Ele apostava na filiação do ministro a seu partido, mas o ministro sofreu resistências e optou pelo PL.

O nome de Guareschi surgiu como opção para candidato a vice-governador de São Paulo em composição liderada pelo ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos). "Como o Braga Netto está sendo vice do Bolsonaro, e poderia ser do PP, eles colocaram meu nome à disposição", disse ao Estadão.

O produtor rural Maurício Tonhá, da Estância Bahia Leilões, que se dispôs a arrecadar doações no setor para a campanha de Bolsonaro, afirmou que a escolha de qualquer dos nomes, Braga Netto ou Tereza, não influencia no apoio majoritário ao presidente. "Estaremos com o presidente. Os dois são excelentes nomes", disse.

Sinais

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Bolsonaro já emitiu sinais claros, em público, do desejo de levar Braga Netto para o cargo de vice. Na semana passada, ele afirmou que já tem 90% de certeza da escolha. O presidente quer atrelar mais uma vez a imagem de um representante da elite das Forças Armadas à própria tentativa de reeleição. “90% de chance de ser o Braga Netto”, disse Bolsonaro, em entrevista ao grupo O Liberal. “Meu vice, atualmente, é um general de Exército. Isso dá credibilidade à chapa, respeitabilidade.”

Durante a cerimônia alusiva ao Dia do Exército, nessa terça-feira, 19, Bolsonaro voltou a indicar a escolha do general. “(Tenho) orgulho grande pela missão de estar à frente do Executivo federal e poder juntamente com meus 23 ministros, com meus comandantes de Força, bem como com meu eterno amigo, general Braga Netto, colaborar com as políticas para bem servir ao Brasil”, disse o presidente, no Quartel-General do Exército.

Prestes a ser preterida, a ex-ministra Tereza Cristina manifestou diversas vezes o desejo de disputar uma vaga de senadora por Mato Grosso do Sul. Hoje, a cadeira em jogo é ocupada por Simone Tebet (MDB), que tenta se viabilizar como candidata ao Palácio do Planalto.

Também foram testados outros quatro nomes, mas sem desempenho significativo: Ciro Nogueira (Casa Civil), Gilson Machado (ex-titular do Turismo), Damares Alves (ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional).

O presidente da Caixa, Pedro Guimarães, que cultivou trânsito com Bolsonaro e demonstrou disposição política no cargo, viu seu capital interno cair após a sondagem informal no agro, na qual não se destacou.

Como mostrou o Estadão, o general Braga Netto se filiou ao PL em um ato secreto no dia 28 de março. Desde então, está legalmente habilitado para assumir a candidatura a vice de Bolsonaro. Se confirmado o nome, o presidente vai concorrer à reeleição com uma "chapa pura".

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