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Boulos diz que plebiscito sobre reformas de Temer seria primeira medida de seu governo

'O Brasil andou 50 anos para trás', afirma pré-candidato do PSOL à Presidência

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Por Cristian Favaro
Atualização:
Líder do MTST, Boulos se filiou ao PSOL e é pre-candidato ao Planalto Foto: Werther Santana/Estadão

O pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL, Guilherme Boulos, disse que sua primeira medida caso eleito será criar um plebiscito para saber o que a população pensa sobre as reformas do governo de Michel Temer. Segundo Boulos, depois que Temer assumiu o Planalto, "o Brasil andou 50 anos para trás" por causa de medidas como a reforma trabalhista e a criação de um teto para os gastos públicos. Boulos foi entrevistado ao vivo pelo programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira, 7.

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"A nossa primeira medida seria criar um plebiscito, no dia primeiro de janeiro, para saber se a população quer manter as mudanças feitas por Michel Temer", disse Boulos. De acordo com a pesquisa Datafolha de abril, Boulos em entre 0% e 1% das intenções de voto, dependendo do cenário.

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O pré-candidato do PSOL criticou a proposta de reforma da Previdêcia, tal como proposta pela gestão Temer. "A reforma da Previdência é muito ruim, pois não tira privilégios", disse, criticando, sobretudo, o estabelecimento de uma idade mínima, que seria uma forma de fazer com que as pessoas "se aposentem no caixão", segundo ele. Apesar de se posicionar de forma contrária à reforma de Temer, Boulos disse que o debate sobre a Previdência é importante. "Vamos mexer nos privilégios, no Exército, na cúpula do poder Judiciário, vamos cobrar as dívidas das grandes empresas, quase R$ 450 bilhões. A Previdência não pode ser um espaço para injustiça. Vamos mexer, mas nos privilégios, não nos direitos dos trabalhadores que querem se aposentar."

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Ao fazer uma avaliação sobre o governo Dilma Rousseff, Boulos afirmou que é preciso separar a gestão da petista em dois períodos: antes de 2015 e depois de 2015. Segundo ele, o primeiro mandato teve o mérito de enfrentar os juros elevados e o spreed bancário - "um dos maiores do mundo e que impedem o crescimento" do País. "Mas essa política teve um problema gravíssimo, que agravou a crise fiscal: as desonerações, o chamado Bolsa Empresário. Não houve contrapartida. Foi uma política equivocada", disse o pré-candidato.

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Boulos também fez duras críticas ao que ele chamou de "interesses de membros do mercado dentro do governo", ao citar os ex-ministros da Fazenda Joaquim Levy (ex-Bradesco), no governo Dilma, e Henrique Meirelles (ex-J&F, dona do Banco Original), no governo Temer. 

Bancos públicos

O presidenciável defendeu ainda o uso dos bancos públicos federais como ferramenta para a redução dos juros pagos pela população. "Eles (os bancos públicos) têm condições de aplicar taxas menores e incentivar os outros", disse Boulos. O pré-candidato disse que o Brasil é "uma república de Bancos".

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Questionado sobre o fato de os governos petistas terem utilizado a Caixa e o Banco do Brasil para tentar reduzir os juros, o pré-candidato afirmou que "faltou coragem a Lula e Dilma" para enfrentar "uma pressão enorme do mercado e dos banqueiros".

Apesar da crítica às instituições financeiras, Boulos disse que seu objetivo não é governar sem os bancos, mas incentivar uma taxa de juros "decente". Se eleito, no entanto, pretende lutar por mais impostos para instituições financeiras privadas e maior regulação para o Brasil. "Não dá para o Brasil ser Bahamas", disse.

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Questionado sobre os desafios de governar sem o apoio do mercado, foi taxativo: "Política, para mim, não é carreira. É desafio e ousar. Só faz sentido ser candidato à Presidência se for para vir aqui, falar o que eu acredito e defender o povo brasileiro".

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