Bolsonaro sinaliza que Braga Netto será seu vice na campanha: 'É de BH e fez escola militar'

Em entrevista nesta manhã, presidente deu 'dicas' sobre quem vai estar com ele na chapa para a reeleição; ministro da Defesa se encaixa na descrição

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Por Eduardo Gayer
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BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro deu sinais de que vai, como previsto, escolher o ministro da Defesa, Walter Braga Netto, para ser seu vice nas eleições deste ano. “Vou dar mais uma dica: é de Belo Horizonte e fez escola militar”, disse o chefe do Executivo em entrevista à Rádio Jovem Pan. Considerado o favorito para o posto, Braga Netto é natural da capital mineira e fez carreira no Exército, alcançando o posto de general. “Vocês vão tomar conhecimento do meu vice pelas possíveis saídas de ministros em 31 de março”, acrescentou Bolsonaro.

O presidente Jair Bolsonaro durante posse do general Walter Souza Braga Netto na chefia da Casa Civil em 2020; nesta segunda-feira, 21, em entrevista à Rádio Jovem Pan, o presidente deu a entender que Braga Netto deverá ser seu candidato a vice no pleito de outubro: “Vou dar mais uma dica: é de Belo Horizonte e fez escola militar”, disse o chefe do Executivo, citando características do próprio Braga Netto Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

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Com o vice-presidente Hamilton Mourão descartado para uma reedição da dobradinha vitoriosa em 2018, o ministro da Defesa já era o nome favorito do presidente para a cadeira de vice. O Centrão, no entanto, pressionava pela escolha da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, como revelou o Estadão. Ela, porém, deve concorrer ao Senado pelo Mato Grosso do Sul e ser substituída na pasta pelo secretário-executivo, Marcos Montes.

Nesta manhã, Bolsonaro ainda afirmou que a possibilidade de avançar uma terceira via nas eleições deste ano está cada vez menor e, por isso, a polarização entre ele e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve se concretizar na disputa. “Eu tenho um lema: Deus, Pátria, Família e Liberdade”, disse o presidente, voltando a utilizar o mote de inspiração fascista. A esperada escolha de Braga Netto tem sido atribuída sobretudo a uma espécie de "seguro" contra eventuais tentativas de impeachment, como o próprio presidente já sinalizou. "Tenho que ter vice que não queira ambições de assumir minha cadeira", afirmou Bolsonaro.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou a sinalização feita mais cedo por Bolsonaro de que Braga Netto será o candidato a vice-presidente na chapa governista à reeleição. 

“Mineiro é esse”, declarou Guedes apontando para Netto, durante a comemoração de aniversário de Bolsonaro no Palácio do Planalto, transmitida parcialmente pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente, pelo Instagram. Ministros e auxiliares marcaram presença, além do comandante do Exército, general Paulo Sérgio, cotado para assumir a Defesa no lugar de Braga Netto.

Bolsonaro revelou que toma decisões de governo com Braga Netto em uma sala fechada em seu gabinete e reforçou aos presentes que até nove ministros devem deixar o cargo no final do mês para disputar as eleições. “Vão buscar cargos eletivos e reforçar o time daqueles que querem o bem do Brasil”, disse o chefe do Executivo. “Sou grosso de vez em quando, falo palavrões, mas a gente está com a verdade”, acrescentou. “Eu sei que não sou tão inteligente assim”.

Reforma ministerial

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Durante a mesma entrevista, Bolsonaro ainda confirmou a nomeação do secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, para assumir a Pasta após a saída do atual ministro, Tarcísio de Freitas, para ser pré-candidato ao governo de São Paulo. A indicação de Sampaio, genro do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Eduardo Ramos, foi antecipada pelo Estadão/Broadcast Político

O presidente relatou ter ouvido todos os ministros sobre suas indicações para a reforma ministerial prevista para o fim do mês, quando ocupantes de cargos públicos que quiserem se candidatar em outubro deverão deixar seus postos para seguir a legislação eleitoral. 

“Praticamente todos os chefes de gabinete, secretários-executivos... a princípio, os nomes serão esses. São pessoas que não são conhecidas por parte do mercado, mas vão manter estritamente a política dos seus titulares, isso dá tranquilidade", afirmou Bolsonaro. "Marcelo é excepcional e indicação do Tarcísio. Vai ser mantido esse nome." Um dos entrevistadores da Jovem Pan, o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles ouviu um "aceno eleitoral" favorável a ele, que é pré-candidato à Câmara. "Está aberto Senado e a vice em São Paulo", destacou Bolsonaro ao ex-ministro durante a transmissão. A chapa com Tarcísio de Freitas ao governo pelo PL ainda não foi fechada. 

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