
08 de dezembro de 2013 | 02h12
Segundo o Basômetro, ferramenta do Estadão Dados que mede a taxa de governismo de parlamentares, partidos e bancadas temáticas, os chamados deputados ruralistas tiveram taxa média de governismo de 76%, 71% e 68% em 2011, 2012 e 2013, respectivamente. Esse índice é apenas um pouco inferior à taxa média de governismo no período, de 79%, 76% e 72%.
A taxa da bancada ruralista equivale à média da "nota" de cada integrante da bancada. A taxa individual, por sua vez, leva em consideração a porcentagem de vezes em que o deputado votou segundo a orientação do Palácio do Planalto.
Reportagem do Estadão Dados publicada no ano passado já havia mostrado que os deputados seguem muito mais a orientação dos líderes de seus partidos que o posicionamento das bancadas temáticas - e isso vale tanto para ruralistas como para ambientalistas e evangélicos.
A frente ruralista contrariou o governo abertamente em três votações do Código Florestal na Câmara, ocasiões em que saiu vitoriosa. Mas o movimento contra os interesses do Palácio do Planalto, nesses episódios, não foi capitaneado apenas pelos ruralistas. Os líderes dos principais partidos aliados ao governo orientaram suas bancadas a votar na contramão do líder do governo (caso do PMDB) ou liberaram seus correligionários para votar como quisessem (PP, PR, PTB e PDT). Foram, portanto, exemplos de infidelidade da base.
O fenômeno se repetiu em duas outras derrotas na Câmara e uma no Senado. Em nenhuma os ruralistas tinham interesse direto no projeto votado.
Em contrapartida, o governo conseguiu aprovar projetos que, em tese, contrariam interesses de fazendeiros, como a emenda constitucional que tornou mais rigorosa a punição a quem explora o trabalho escravo. Nessa última, a grande maioria dos ruralistas votou conforme a orientação do governo: 112 a favor e 25 contra.
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