‘Auxílio emergencial é tentativa de compra de voto’, diz Joice

Em sabatina, candidata do PSL em SP diz que Celso Russomanno ‘é a pior expressão do Centrão’ e que o presidente Bolsonaro faz ‘molecagem’ ao tratar da vacina contra o coronavírus

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Por Redação
Atualização:

Candidata do PSL à Prefeitura de São Paulo, a deputada federal Joice Hasselmann disse nesta quinta-feira, 22, durante sabatina do Estadão, que a discussão sobre a criação de uma renda básica emergencial na cidade neste momento “é uma tentativa de compra de votos”.

Em São Paulo, quase metade dos 14 candidatos defende algum tipo de programa de auxílio financeiro. Na semana passada, o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), articulou com o presidente da Câmara Municipal, Eduardo Tuma (PSDB), a votação de um projeto do vereador Eduardo Suplicy (PT), para dar um auxílio de R$ 100 para até 1,7 milhão de pessoas até o fim do ano.

Candidata do PSL à Prefeitura de São Paulo, a deputada federalJoice Hasselmanndurante sabatina do 'Estadão' Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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“Não é por bondade, pelo coração enorme do prefeito que eles estão discutindo isso (renda emergencial) na Câmara, aos 48 (minutos) do segundo tempo, na boca da eleição”, afirmou Joice. “Não sou contra o auxílio emergencial. Votei pelo auxílio de R$ 600 na Câmara, quando o governo queria R$ 200. Agora, a gente tem que pensar o seguinte: o dinheiro vem de onde?” Ela disse ser contra programas de financiamento de longo prazo, dizendo que seu objetivo é garantir que as pessoas sejam capazes de gerar a própria renda.

Russomano e o Centrão

Joice afirmou que seu adversário do Republicanos, Celso Russomanno, é representante do Centrão, grupo que, segundo ela, “estuprou” o governo do presidente Jair Bolsonaro. “Para ele (Russomanno) ser de direita, tem de nascer de novo. O Celso Russomanno é a expressão do pior Centrão que nós temos no País: esse Centrão que estuprou o governo Bolsonaro assim que eu saí da liderança do governo”, disse ela. “Saí numa sexta, e no sábado o Centrão estuprou o governo e levou R$ 200 bilhões em cargos, bancos públicos, órgãos públicos. Então, imagina o que eles não farão nos cofres da Prefeitura.”

PSL e recursos para a campanha

Sobre os critérios que foram usados para que o partido destinasse R$ 2 milhões para sua candidatura, Joice disse se tratar de um “reposicionamento do PSL”. Segundo ela, a sigla “ficou nesse vai e vem, ‘é bolsonarista, não é bolsonarista’”. Ainda criticou o fato de um candidato a vereador do partido ter recebido R$ 2 milhões em detrimento de outros postulantes. “Eu critiquei esse depósito a um e nada para os outros.”

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Estratégia eleitoral

Após chamar Márcio França (PSB) de “gângster”, Filipe Sabará (Novo) e Arthur do Val (Patriota) de “meninos” e de criticar Russomanno, a candidata foi questionada se a postura agressiva era uma estratégia para obter votos da direita. Ela negou. “Disse que Guilherme Boulos (PSOL), que é apoiado por um presidiário (referindo-se ao ex-presidente Lula), será um presidiário na minha gestão, porque na primeira invasão que ele organizar ele vai em cana”.

Proposta para IPTU

A candidata fez uma promessa de redução linear de 20% no IPTU na cidade. Para isso, disse ela, fará “gestão séria e eficiente, cortando comissionados, revendo contratos”. “Em uma conta de padaria, se eu cortar 20% linear, vou ter R$ 2 bilhões a menos. A expectativa para o ano que vem de dinheiro público para subsídio do transporte coletivo, subsídio que enche a burra de gente ligada às máfias, deve ultrapassar R$ 4 bilhões. Se eu baixar 20% do IPTU de todo mundo, metade do dinheiro que vai para máfia do transporte vai para essa conta.”

Transporte público

Joice afirmou ainda que vai rever e romper os contratos das empresas de ônibus da cidade que foram assinados no ano passado. “Vou mostrar por A mais B que o modelo de licitação é montado para que sempre as mesmas empresas ganhem. Ela afirmou que fará uma nova licitação e que quer ver “briga de foice” por empresas que querem operar na cidade. “Tem muitas cidades que não têm subsídio”, afirmou. “Aqui, a Prefeitura tem de enfiar a mão no bolso do cidadão todo o ano e colocar no bolso dessas empresas.”

Vacina contra covid-19

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Ao comentar o atrito entre os governos João Doria (PSDB) e o presidente Jair Bolsonaro sobre o tema das vacinas contra o coronavírus, a candidata disse que “é uma palhadaçada o que ele (Bolsonaro) está fazendo. A gente está falando de vidas”, ao se recusar a usar a vacina do Instituto Butantã, produzida em parceria com a China. Sobre o fato de fazer o Ministério da Saúde recuar no anúncio da parceria com São Paulo, Joice disse que o que o ex-aliado estava fazendo era “molecagem”. “O presidente sabia (do acordo). Fez molecagem, porque tem ciúmes de qualquer um que tem brilho próprio (referindo-se ao ministro Eduardo Pazzuello)”. Joice disse ser a favor da vacinação em massa, mas não da obrigatoriedade.

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A candidata foi questionada sobre a promoção da Parada LGBT+ na cidade, uma vez que já teria criticado o uso de verbas públicas para o evento. Joice respondeu citando também a Marcha para Jesus, evento que ocorre no mesmo fim de semana da parada. “Não tem de ter verba pública se a Prefeitura consegue fazer parcerias com a iniciativa privada”, disse, ao afirmar que defende que os eventos sejam realizados.

Violência contra a mulher

A candidata afirmou que irá criar um “voucher aluguel” por um período de seis meses a um ano para mulheres que forem vítimas de violência doméstica. Joice disse que o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, deveria ter sido expulso do PSL por envolvimento das acusações do uso de laranjas para preenchimento de cotas de mulheres nas últimas eleições. / PEDRO VENCESLAU, TULIO KRUSE e BRUNO RIBEIRO

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