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Após queda em pesquisa e debate, Aécio vai reforçar que Marina é 'salto no escuro'

Na véspera, durante o debate na Band, o tucano já deu a linha da nova estratégia da campanha ao dizer que o Brasil não suporta "novas aventuras, o improviso"

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Por JEFERSON RIBEIRO
Atualização:
Na próxima semana, o tucano também já deve ingressar numa nova fase da propaganda na TV, atualmente focada na sua biografia e na sua gestão no governo de Minas Gerais Foto: José Patrício/Estadão

Sob pressão após a entrada da Marina Silva (PSB) na corrida eleitoral à Presidência, o candidato do PSDB, Aécio Neves, vai intensificar o discurso de que é a única escolha segura para fazer as mudanças que o país precisa e que a nova candidata é um "salto no escuro", sem deixar de lado as críticas ao governo.

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Na véspera, durante o debate na Band, o tucano já deu a linha da nova estratégia da campanha ao dizer que o Brasil não suporta "novas aventuras, o improviso".

As pesquisas mais recentes mostraram o tucano perdendo eleitores para Marina, o que motivou uma mudança na estratégia inicial do PSDB, que era fazer uma campanha polarizando com o PT e a presidente Dilma Rousseff. Aécio caiu do segundo para o terceiro lugar, na corrida liderada por Dilma.

O alvo agora é duplo: os erros do governo e Marina.

"Cada vez mais, ele vai dizer que há três caminhos. O do atual governo, que tem cometidos graves erros, principalmente na economia; o da incerteza e do salto no escuro; e do da mudança com segurança que ele representa, principalmente porque o PSDB já governou o país e sabe como resolver os problemas", disse à Reuters um dos estrategistas da campanha nesta quarta-feira.

Na próxima semana, o tucano também já deve ingressar numa nova fase da propaganda na TV, atualmente focada na sua biografia e na sua gestão no governo de Minas Gerais.

"Vamos entrar na fase de debates de propostas e comparar com os adversários e isso já vai ajudar na comparação de projetos", disse essa fonte da campanha, sob condição de anonimato.

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Na visão dos tucanos, será possível nessa nova fase mostrar claramente as contradições de Marina, com posição radical contra o agronegócio no passado e agora uma visão mais amigável do campo, e sua falta de consistência para superar dificuldades econômicas e até mesmo governar, já que dificilmente faria um governo de coalizão com os partidos que ela classifica como "velha política".

Os tucanos avaliam também que a campanha ainda está sob impacto do acidente aéreo que matou o ex-candidato do PSB Eduardo Campos, em 13 de agosto, em Santos (SP).

"Temos que tirar a campanha do emocional e trazer para o racional", disse o estrategista.

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DISPUTA POR ELEITORADO Além de apontar as contradições da candidata do PSB, Aécio também colocará mais força em segmentos eleitorais que poderia ter melhor desempenho e setores que Marina está tentando conseguir a liderança. Um movimento claro foi feito em relação ao mercado financeiro e investidores quando anunciou, ao final do debate de terça, que nomeará o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga como ministro da Fazenda, caso seja eleito. Aécio não tinha Campos, e muito menos a presidente Dilma Rousseff, como rivais na arena do mercado financeiro. Mas um dos primeiros acenos de Marina feitos após ser oficializada como candidata do PSB foi para esse setor. Colaboradores de Marina têm procurado construir pontes com o mercado, consolidando nesse segmento a ideia de que ela adotaria uma postura pró-mercado, caso eleita. "Ela está tentando se viabilizar junto ao mercado, que era um eleitorado seguro do Aécio. Por isso, também, ele fez esse sinal com o anúncio do Armínio, que era uma decisão já conhecida internamente pela campanha", explicou a fonte. Aécio também vai reforçar suas atividades de campanha em Estados governados pelos tucanos e cujo bom desempenho eleitoral dos governadores não está sendo transferido para a candidatura nacional. Em São Paulo, por exemplo, o candidato à reeleição Geraldo Alckmin tem um desempenho muito acima do que o de Aécio no Estado. "Temos que aproximar esses desempenhos", disse a fonte, que mencionou também Minas Gerais e Paraná. "E também temos que torná-lo mais conhecido no Nordeste", acrescentou o estrategista.

(Reportagem adicional de Eduardo Simões)

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