Após fotos em Paris, Cabral endurece código de conduta

Novo decreto recomenda 'distância social' entre servidores e prestadores de serviço; 1ª versão foi publicada no ano passado

PUBLICIDADE

Por Luciana Nunes Leal e RIO
Atualização:

Três semanas depois da divulgação das primeiras imagens de Sérgio Cabral (PMDB) e alguns de seus secretários em passeios e jantares de luxo com o dono da construtora Delta, Fernando Cavendish, o governador do Rio publicou ontem no Diário Oficial uma nova versão do código de conduta de altos servidores e agora recomenda "distância social" de fornecedores e prestadores de serviço. O código original foi instituído em julho passado, depois que um acidente de helicóptero no sul da Bahia expôs a amizade de Cabral com Cavendish e com o empresário Eike Batista. Na ocasião, Cabral determinou que se evitassem situações de confusão entre interesses públicos e privados e proibiu recebimento de presente, transporte e hospedagem. No decreto de ontem, o governador recomenda que o alto escalão guarde "distância social conveniente no trato com fornecedores de materiais ou contratantes de prestação de serviços ao Estado, abstendo-se tanto quanto possível de frequentar os mesmos lugares e de aparentar intimidade".Se as regras estivessem em vigor, Cabral não poderia fazer as viagens à França em companhia de Cavendish, expostas em fotos e vídeo no blog do deputado Anthony Garotinho (PR-RJ). As imagens são de 2009.Em outro decreto publicado ontem, Cabral amplia um pouco os poderes da Comissão de Ética Pública Estadual (Cepe), também criada em julho passado. Mantém, porém, reduzida a autonomia do grupo. O colegiado poderá agora aplicar pena de censura ética, quando concluir que houve descumprimento do código de conduta. Mas é apenas um órgão consultivo. "O que se esperava era que a Comissão de Ética Pública se pronunciasse sobre essas viagens do governador Cabral com o empresário Cavendish, mas, como aconteceram antes do código de conduta, nada será analisado", diz o cientista político Ricardo Ismael.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.