BRASÍLIA - Derrotado na corrida presidencial por duas vezes - no 1.º turno com a candidatura de Marina Silva e, no 2.º, apoiando o tucano Aécio Neves -, o PSB promete fazer oposição ao governo reeleito da petista Dilma Rousseff. O presidente nacional da legenda, Carlos Siqueira, afirmou em entrevista ao Estado que a derrota determinou o posicionamento. “Fomos colocados na oposição porque o candidato que apoiamos (Aécio Neves) perdeu a eleição. Político não escolhe ser oposição, político é colocado na oposição”, disse.
“Os eleitores nos colocaram na oposição e assim vamos nos manter como uma oposição de esquerda do diálogo”, ressaltou o presidente da sigla.
Siqueira não descartou apoiar o governo em projetos que estejam alinhados com esse ideário mais à esquerda. Mas rejeitou, “no momento”, tanto voltar para a base governista como adotar a neutralidade em troca de ministério no segundo mandato de Dilma.
A sigla do ex-presidenciável Eduardo Campos, morto em acidente aéreo neste ano, integrou a base aliada petista até pouco antes da disputa pelo Palácio do Planalto. Mas rompeu para lançar Campos como substituto de Dilma. Marina assumiu o lugar do ex-governador de Pernambuco na disputa e ajudou o partido a eleger a sexta maior bancada da Câmara, com 34 deputados.
O fortalecimento, contudo, não deve ser encorpado com a fusão a outras legendas. “O PSB foi convidado para conversar especialmente com PPS e outros partidos (sobre fusão), mas isso não prosperou”, disse.
“No longo prazo nunca podemos dizer (que não haverá fusão), porque a dinâmica da política pode levar a isso num futuro. Mas, no momento, esse assunto está arquivado.”
Bloco. O dirigente não descartou, porém, a possibilidade de formar um bloco na Câmara ao lado de PPS, PV e Solidariedade. Juntos, os quatro partidos contariam com 67 deputados e formariam a segunda maior bancada - atrás apenas do PT, que elegeu 70 parlamentares.
Da formação desse grupo, segundo Siqueira, poderia sair um nome para disputar a presidência da Casa para a legislatura que começa em fevereiro de 2015. “Nós ainda não temos uma definição, mas isso também pode acontecer. Assim como lançamos candidato contra o Renan Calheiros no Senado e o Henrique Eduardo Alves na Câmara (em 2012). Esse bloco, se for criado, poderá tomar iniciativas similares.”
Excluídos. Embora em busca de uma bancada mais numerosa no Congresso, o presidente do PSB considerou que partidos de oposição, como o PSDB e DEM, não deverão fazer parte do grupo. “O nosso partido, ao fazer uma coligação eventual com o PSDB (no 2.º turno), não alienou o seu ideal. Nosso tipo de oposição será bem diferente da feita por partidos como PSDB e DEM”, comparou. “Vamos primar pelas questões sociais e pelos projetos de natureza mais à esquerda”, indicou.