Apoiadores de Haddad e Bolsonaro entram em confronto na Avenida Paulista

No vão livre do Masp, tropa de choque da PM teve de isolar grupos após anúncio da vitória de Bolsonaro

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Por Felipe Resk , Marianna Holanda e Igor Macário
Atualização:

A festa da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) neste domingo, 28, começou com uma rápida confusão entre seus apoiadores e um pequeno grupo de jovens e eleitores de Fernando Haddad (PT), na Avenida Paulista, em São Paulo.

Assim que o resultado das eleições foi confirmado, um grupo de simpatizantes petistas, que se concentrava no vão livre do Masp, começou a gritar dizeres como “ele não” e “Bolsonaro, fascista”. A animosidade entre foi crescendo até que alguns enfrentamentos foram surgindo na via.

Tropa de choque da PM age para isolar grupos petistas e bolsonaristas no vão livre do Masp, em São Paulo, após o anúncio da vitória de Jair Bolsonaro (PSL) Foto: NILTON FUKUDA/ESTADAO

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“Cadê a Polícia Militar do Estado de São Paulo, está havendo tumulto aqui na direita. Ninguém dispersa", anunciou o carro de som. PMs formaram um cordão de isolamento entre os atos e marcharam para dispersar os eleitores do PT. "Fora, PT! Fora, PT!", diziam os manifestantes.

O grupo atirou objetos e garrafas de bebida contra os policiais, além de derrubar lixeiras. Manifestantes pró-bolsonaro chegaram a denunciar que foram alvo de rojões, informação não confirmada pela PM. Na hora, havia muito fogos para comemorar a eleição. Os PMs usaram bala de borracha.

Após o tumulto, os policiais foram aplaudidos por eleitores de Bolsonaro, que também pediam para tirar selfies. "Viva a PM! Viva a PM", gritaram O grupo de manifestantes favorável ao PT foi escoltado para fora do vão livre do Masp. Gritos de “Fora, PT”, “Chora, petista” , “Xô, satanás, PT nunca mais” e “o capitão voltou” foram entoados pelos bolsonaristas. Com o fim da confusão, ativistas pró-Bolsonaro estouraram uma garrafa de champanhe. 

Do alto do carro de som, Marcelo Reis, coordenador do Revoltados Online e apoiador de Bolsonaro disse: “Da mesma forma que disseram que Bolsonaro não seria presidente, disseram que muitos deputados federais e estaduais do Bolsonaro não se elegeriam. É com muita honra e orgulho que vamos ocupar a Câmara dos Deputados e o Senado Federal”, disse. E completou: “Ele sim”. O discurso continuou. “Foram muitos anos de luta até o povo se conscientizar que estávamos sendo roubados pelo PT. Mas Agora podemos falar: quem é nosso presidente? Bolsonaro!”. Em seguida, tocou o funk que diz que as “minas da direita são as top, as mais belas; e as de esquerda tem mais pelos que cadelas”.

Comemoração. Antes mesmo do fechamento das urnas, eleitores de Bolsonaro começam a se reunir na Paulista. Com bandeiras do Brasil e do candidato hasteadas, o grupo gritava palavras de ordem – principalmente contra o PT. Como demonstração de apoio, carros passavam buzinando e motoristas faziam sinais de positivo para o grupo.

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Com uma camisa amarela e o rosto de Bolsonaro, Bruno Godoy chegou com dois amigos no vão do Masp. “Tem que ter história pra contar pros netos. Nossos pais participaram do Diretas Já, né?”, disse à reportagem. Godoy foi eleitor de Lula e Dilma e atribuiu o apoio ao candidato do PSL a uma decepção com o PT. “O primeiro voto da minha vida foi no Lula. Você acredita tanto num partido e vê eles fazendo o contrário. Se desvirtuaram em troca de dinheiro. Por enquanto, ele (Bolsonaro) não é dessa corja”, afirmou.

Nos prédios da Avenida Paulista, moradores se dividiam entre a comemoração e gritos de “ele não”. Esse “embate” se repetiu por outros bairros de São Paulo, como em Pinheiros, Perdizes, Saúde e Mooca.

Na Avenida Paulista, ambulantes vendiam bandeiras do Brasil e máscaras de Bolsonaro a R$ 10, além de camisas de apoio pelo dobro do preço.

A poucos metros de duas viaturas da Guarda Civil Metropolitana (GCM), o ambulante Aldo dos Santos, de 52 anos, usava uma máscara de papel com o rosto de Bolsonaro, presa por óculos verde-amarelos. “Hoje, o comércio vai ser bom. Se fosse do PT, não vendia nada”, disse. “O PT acabou com o País.”

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Natural de Garanhuns, região de Pernambuco onde nasceu o ex-presidente Lula, Santos está em São Paulo há 25 anos e é eleitor de Bolsonaro. Para ele, as gestões petistas o prejudicaram. “Eu fazia sempre o caminho do Paraguai para vender mercadoria aqui. Agora não dá mais, o PT jogou bastante polícia”, afirmou.

Veruska Muller, de 37 anos, estava acompanhada do marido e da filha Flavia, de 2 anos. A menina vestia uma farda da PM, segundo a mãe, em homenagem ao candidato do PSL. “Meu pai é coronel da PM e mandamos fazer a roupa por causa do Bolsonaro. Ela faz o dedinhos a arma. Não tem problema pra quem não age errado, quem tem problema que tem medo.”

Além de São Paulo, eleitores vestindo camisas da seleção brasileira ou com o rosto do presidente eleito comemoraram a vitória de Bolsonaro em Brasília, Rio de Janeiro, Porto Alegre e outras cidades.

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