A pesquisa traduz um cenário bastante disputado na corrida eleitoral em São Paulo, mostrando que a reeleição não é um processo tão trivial quanto foi no passado. No Estado desde 1994, o PSDB é ‘mainstream’ e é afetado por esse sentimento de antipolítica. Além disso, o racha no grupo político que representava a continuidade, com as candidaturas de João Doria e Márcio França, deixou em xeque o legado tucano.
A dificuldade do PSDB também pode ser explicada pela construção da candidatura de Doria, que foi razoavelmente traumática. Ele entrou para a política explorando o sentimento antissistema, como um outsider, e a decisão de deixar a Prefeitura choca com a imagem que ele mesmo criou.
A estratégia possível para os tucanos será tentar nacionalizar o debate, colando na campanha de Paulo Skaf a imagem do governo de Michel Temer. Ainda assim, esse movimento é delicado, já que o próprio PSDB foi próximo desta gestão.
Já o governador Márcio França, com 5% de intenção de voto, parece ter poucas chances de chegar ao segundo turno. A despeito de ele ser pouco conhecido, aparentemente não terá muito tempo para construir uma marca que o diferencie do candidato tucano e da gestão anterior.
É interessante observar que, de alguma forma, a baixa intenção da campanha tucana em nível nacional pode ser explicada por fatores locais. O racha em São Paulo dificulta uma presença mais forte de Alckmin no Estado, que constitui 22,5% do eleitorado total do País. O desempenho positivo de Bolsonaro na região é facilitado com a base alckimista rachada entre Doria e França.
O PT deve ter ainda uma tendência de crescimento, mas São Paulo talvez seja o Estado que melhor traduz o sentimento de antipetismo. A eleição de 2016 foi desenhada no auge desse sentimento, mas neste ano será em menor magnitude.
*CIENTISTA POLÍTICO DA CONSULTORIA TENDÊNCIAS