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Análise: Preso, Lula mantém influência em jogo político

Ex-presidente condenado e preso pela Operação Lava Jato comandou acordo entre PT e PSB, selado nesta quarta-feira

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Por Ricardo Galhardo
Atualização:

O acordo que garantiu a neutralidade do PSB na eleição presidencial mostra que, mesmo preso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado na Operação Lava Jato, mantém forte influência no jogo político nacional. 

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Apesar de todas limitações impostas pelo cárcere, Lula comandou de dentro da prisão as negociações que levaram ao acordo. No dia 5 de julho, quando a percepção geral era de que o PT precisaria se humilhar para tirar o PSB das mãos de Ciro Gomes (PDT), Lula orientou o líder do MST João Pedro Stédile e o ex-presidente do PT Rui Falcão - que foram visitá-lo na cadeia - a transmitir seu apoio entusiasmado à candidatura da vereadora petista Marília Arraes ao governo de Pernambuco. 

A mensagem jogou a pressão no colo do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que se viu ameaçado pela crescente candidatura de Marília e temia perder o direito de usar o nome de Lula diante do eleitorado - o ex-presidente mantém altos índices de intenção de voto no Estado.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso pela Operação Lava Jato Foto: Lalo de Almeida/The New York Times

Catorze dias depois, bem ao seu estilo, Lula mandou outra mensagem, agora no sentido contrário, pedindo mais energia do PT na consolidação da aliança com o PSB e abrindo as portas para que a candidatura de Marília fosse rifada

Ao tirar os socialistas da canoa de Ciro, Lula isola o candidato do PDT e garante ao PT, seja quem for o candidato, a hegemonia no campo da esquerda na disputa presidencial. 

Petistas comemoram a manobra, com razão, mas sabem que o maior dos desafios ainda está por vir. Toda a estratégia de insistir na candidatura de Lula até o limite da Justiça tem como principal objetivo garantir que o ex-presidente esteja no horário eleitoral da TV a partir do dia 31 de agosto.

Ministros do TSE ouvidos pelo Estado disseram, porém, que o caso de Lula deve ser julgado pela corte eleitoral antes disso. Se a tendência se confirmar, Lula e o PT serão obrigados a rever a estratégia, corrigir a rota e antecipar a escolha do substituto do ex-presidente na corrida presidencial, o chamado plano "B". 

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