Análise política: Debate é agressivo, mas não deve influir no quadro eleitoral

Clima foi tão pesado que num dos blocos Marina Silva e Dilma Rousseff continuaram discutindo mesmo depois do fim do tempo destinado às duas

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

No último debate do 1.º turno, sobrou agressividade entre os candidatos e faltou conteúdo. Sem exceção, todos os sete candidatos que participaram da discussão promovida pela TV Globo trocaram ataques pesados, com direito a bate-boca, dedos em riste, ameaças de processos e pouca discussão profunda. O clima foi tão pesado que num dos blocos, a ex-senadora Marina Silva e a presidente Dilma Rousseff continuaram discutindo mesmo depois do fim do tempo destinado às duas. A consequência é que o debate foi o mais quente de todos mas não produziu qualquer fato que possa ter algum peso no resultado da eleição.

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Antes do início do encontro, a expectativa era pelo confronto direto entre a ex-senadora Marina Silva e o senador Aécio Neves, que travam disputa pelo direito de ir ao 2.º turno com a presidente Dilma Rousseff. E logo os dois se enfrentaram diretamente com Aécio cobrando a adversária por nunca ter se manifestado contra o mensalão quando era filiada ao PT. Marina deu o troco imediato afirmando que os tucanos também estavam envolvidos em casos de corrupção.

Na prática, a discussão em torno da corrupção ocupou todo o primeiro bloco do debate, especialmente por conta das suspeitas de uso político dos Correios a favor de campanhas petistas e por novas revelações em relação ao escândalo da Petrobrás. Dilma e seus assessores já esperavam por isso. Tanto que as inserções da petista apresentadas durante toda a noite falavam justamente das medidas que a presidente adotara em seu governo no combate ao problema.

Garantida no segundo turno, Dilma se preocupou apenas em não cometer nenhum erro grave que pudesse comprometer sua vantagem. Soube desviar-se das perguntas sobre o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa e foi vacilante apenas quando Marina lembrou que ela já defendeu a independência do Banco Central na campanha presidencial de 2010 e agora a critica justamente pela ideia. Mas nada que pudesse lhe causar problemas, confirmando a tendência do debate com efeito nulo sobre o resultado das urnas.

* É DIRETOR DA SUCURSAL DE BRASÍLIA DO ‘ESTADO’

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