Como água e azeite, as duas agremiações se juntam, mas não se misturam. O PSB é expressão do pragmatismo de esquerda; faz alianças que lhe tragam ganhos estratégicos, espaços mais amplos de poder em todas as esferas; é coerente com seus interesses. Já a Rede é produto de sonhos e princípios; quer desligar-se da velha política pragmática, instituir o novo com a pretensão de estabelecer o que chama de “nova política”. São objetivos igualmente legítimos. Mas não compatíveis.
A Eduardo Campos cabia administrar conflitos, aparar arestas inevitáveis e previsíveis. O que não estava no script era que se fosse tão abruptamente. E, com ele, sua autoridade sobre o PSB e sua credibilidade para com a Rede. O destino desfez o casamento e, agora, os enteados não se sujeitam à madrasta que tem seu jeito peculiar, regras e exigências. Campos faz falta para administrar sua própria falta. Este é o fato.
De modo que é natural que as escaramuças que acompanhamos na montagem da chapa Campos-Marina se repitam agora, com a candidatura Marina-Beto Albuquerque, e na eventualidade de um governo Marina Silva. Cabeça de chapa, ao PSB havia a opção de indicar outro nome. Não o fez para não arcar com o desgaste nem abrir mão de disputar com chances a Presidência da República, mesmo que sob o risco de vencer a eleição, mas não exercer o poder. Mais uma vez, o pragmatismo.
O PSB não mais detém o comando da casa. As chaves estão nas mãos de Marina e de seu grupo, a nova cara da aliança nesta campanha. O problema é que, diante de tal desolação, não dá para ninguém ser feliz.