Em que pese o noticiário negativo recente associado à candidatura de Jair Bolsonaro, o deputado federal pelo PSL continua favorito à vitória, colocando uma grande dúvida sobre o futuro e a capacidade de mobilização do PT.
O Ibope evidencia a ausência de entusiasmo com a candidatura de Fernando Haddad, cujo crescimento no cálculo dos votos válidos diz mais respeito a uma aparente migração de votos do líder para nulos e brancos que à uma virada na opinião de eleitores indecisos.
Tão cristalina quanto a enorme rejeição ao bolsonarismo, por causa de seu discurso virulento e ofensivo às instituições, é a incapacidade petista de dialogar com a maioria do eleitorado, bem como de mobilizar a elite política centrista e de esquerda em defesa de sua candidatura. A rejeição ao petismo não é sensível a argumentos.
Fala-se muito da necessidade de reconhecimento de erros do PT, cuja ausência reforça a narrativa de que o partido se tornou uma força descomprometida com a democracia. No entanto, pouco se fala do quanto o petismo paga pela relação predatória desenvolvida com outras forças de esquerda, especialmente as que não se submeteram à sua liderança nas últimas décadas. Neste 2.º turno, o PT pede aos outros que façam algo de que nunca foi capaz. Nem todos têm essa grandeza – Marina Silva teve.
* CIENTISTA POLÍTICO E DIRETOR DA CONSULTORIA PULSO PÚBLICO