
13 de novembro de 2020 | 01h02
Debates eleitorais às vésperas da votação precisam ser analisados à luz dos movimentos das pesquisas de intenção de votos. Os personagens dos candidatos e suas estratégias políticas já estão basicamente consolidados. Grosso modo, as pesquisas mais recentes mostram dois movimentos mais relevantes: alta do prefeito Bruno Covas (PSDB) e queda de Celso Russomano (Republicanos), nome que iniciou a campanha na frente das pesquisas. Os demais nomes flutuam no interior da margem de erro, expressando dificuldades de criar outras personas para atrair um novo eleitor.
A ferramenta predileta dos candidatos para desgastar a campanha tucana tem nome e sobrenome: João Doria (PSDB). O governador foi citado em diversas oportunidades por conta da rejeição elevada. O tucano se esforçou na atração do eleitorado indeciso por meio do tom sóbrio para consolidar seu posicionamento de centro para, eventualmente, antecipar o voto útil típico do segundo turno.
Os ventos antimainstream que deram o tom da disputa de 2016 parecem ter pedido à intensidade em meio à pandemia e a mobilização da “ciência” no desenho das políticas. A queda na intenção de voto de Russomano, por sua vez, levou à estratégia de criar um “choque” no eleitor. Assim, bate-boca com diversos candidatos e referências a diversos programas de políticas das administrações anteriores. A narrativa confusa e a disposição para “ganhar o debate”, na verdade, reforçou a fragilidade de uma campanha em trajetória de queda.
Márcio França (PSB) seguiu o tom apresentado ao longo da campanha, reforçando moderação e experiência administrativa. Guilherme Boulos (PSOL) aliou o discurso social com referências à esperança, em alusão ao já presente em campanhas lulistas. As redes sociais intensificaram mudanças por parte do eleitorado nas vésperas da campanha. A falta de um novo apelo das pontas do espectro político pode premiar o centro.
*Sócio da Tendências Consultoria é Doutor em Ciência Política
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