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Análise: estrutura vertical de comando não permite autonomia do povo

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Por Marco Antonio Carvalho Teixeira
Atualização:

O Dia Nacional de Lutas também pode ser entendido como uma tentativa de resposta de entidades sindicais, MST e UNE ao Movimento Passe Livre que no mês de junho liderou mobilizações públicas em torno de reivindicações como: redução das tarifas de transporte público, melhoria das políticas públicas e reforma no sistema político, dentre outras, sem que fosse necessário contar tanto com essas entidades como com os partidos políticos no comando de tais manifestações.Contrastando com o contingente de pessoas que foi às ruas em junho, o nível de mobilização alcançado pelo Dia Nacional de Lutas ficou muito aquém do esperado pelos seus organizadores, que antes propagavam a ideia de que em 11 de julho ocorreria uma greve geral no País.O que poderia explicar tal fracasso? Uma possível resposta está na própria forma de organização e condução da manifestação. Comandado por políticos e líderes sindicais com vínculos a diferentes partidos no momento em que a classe política sofre de um extremo grau de desconfiança social, o Dia Nacional de Lutas se caracterizou por trazer pautas já conhecidas e por uma estrutura vertical de comando que não permitiu a autonomia de manifestação das pessoas, não as tratando como protagonistas nesse processo. Desse modo, ao não incluir diversos segmentos sociais, ficou a impressão de que o alcance dessa mobilização se resumiu à base de atuação das entidades que a organizaram.Como a pauta apresentada tem dimensão nacional, resta uma pergunta: quais as implicações para Dilma Rousseff em 2014, uma vez que parte das entidades sindicais apoia seu governo? A resposta parece simples. Como as questões ligadas ao aumento de investimentos em educação e saúde já avançaram, o risco maior está em se tratar, agora, de temas que nenhum governo gostaria de enfrentar em momentos de aperto fiscal: o fim do fator previdenciário e o aumento para os aposentados. Se essas questões forem mal encaminhadas, mesmo estando no Ministério do Trabalho, é provável que a Força Sindical e o próprio PDT caiam nos braços da oposição.

 

* MARCO ANTONIO CARVALHO TEIXEIRA É CIENTISTA POLÍTICO E PROFESSOR DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA FGV-SP

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