Aliança é 'desconfortável', diz Kassab sobre PSDB

Prefeito diz respeitar crítica de Katia Abreu de que tucanos são inimigos do PSD

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Por Artur Rodrigues e Bruno Boghossian
Atualização:

Depois de negociar uma união com o PT para as eleições municipais de São Paulo e se ver obrigado a recuar em direção ao tucano José Serra, o prefeito Gilberto Kassab (PSD) definiu ontem a provável aliança de seu partido com o PSDB na capital como "difícil" e "desconfortável"."Existe essa questão da relação com o PSDB que é uma relação desconfortável. O próprio partido trabalhou contra (o PSD)", disse Kassab. "Eu sempre expressei esse sentimento de desconforto em relação a uma aliança com o PSDB se o candidato não fosse o Serra."O prefeito reagiu a correligionários irritados com a aproximação entre os dois partidos e alegou que a parceria se dá apenas em torno do nome de Serra. Em entrevista publicada ontem pelo Estado, a senadora Kátia Abreu (PSD-TO), que é 1.ª vice-presidente da sigla, disse que os tucanos agem como "inimigos" por contestarem a reivindicação do PSD na Justiça Eleitoral por mais tempo de TV nas eleições."Ela (Kátia) expressa o sentimento de uma parte grande do partido", afirmou Kassab.Segundo o prefeito, Serra integra um grupo de tucanos que não se opuseram à criação de seu partido, citando também os governadores Marconi Perillo (GO) e Beto Richa (PR). Ele acrescenta que o foco das negociações por alianças é local. "As eleições são municipais."Kassab acredita que teria enfrentado críticas de outras alas do PSD caso as negociações com o PT do ex-ministro Fernando Haddad tivessem avançado."A questão não teria unanimidade, seja ao caminhar para um lado ou para outro. Todos sabem que o partido tem origens diferentes", declarou.O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, disse que respeita a posição da senadora Kátia Abreu, mas enfatizou que o apoio de Kassab a Serra é pessoal. "Aqui em São Paulo, não foi uma aliança partidária, foi um compromisso pessoal. O prefeito de São Paulo não teria condições de negar apoio a José Serra e ele sempre deixou isso claro", disse. "A senadora tem uma visão muito particular do PSDB no Tocantins."Kátia Abreu rebateu Afif e declarou ser aliada do governador tucano Siqueira Campos, indicando que seu desconforto foi provocado especificamente pela aproximação na capital paulista."Não tenho qualquer problema com o PSDB do Tocantins. Fui inclusive coordenadora da campanha do governador eleito Siqueira Campos, do PSDB, em 2010, de quem sou amiga pessoal e participo do seu governo", afirmou a senadora.Desde sua fundação, o PSD ensaiou uma aproximação com a base da presidente Dilma Rousseff em votações no Congresso. Ao retomar as discussões para apoiar Serra em São Paulo, Kassab se empenhou para tranquilizar o governo em conversas com o Secretário Geral da Presidência, Gilberto Carvalho."Ninguém pode ser punido por ter sentimento de gratidão", disse o vice-governador da Bahia, Otto Alencar. "Não acredito que (a aliança com Serra) atrase projeto nacional do PSD. A presidente Dilma vai entender,"A união com os tucanos no município também virou assunto nos corredores da Câmara. O líder do PSD, Guilherme Campos (SP), tranquiliza a base aliada."Por mais emblemática que seja a eleição em São Paulo, ela não reflete todo o País", afirmou.

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