Aliados tentam estender foco da CPI da Petrobrás à gestão FHC

Objetivo dos governistas é trazer ao debate fatos como o afundamento da plataforma P-36 e projeto para renomear a estatal

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Por Débora Alvares e Eduardo Bresciani
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Brasília - Diante da determinação do Supremo Tribunal Federal para que o Congresso abra a CPI da Petrobrás, governo e oposição já começaram a preparar seus ataques. Do lado da base aliada, o objetivo é conseguir trazer problemas da gestão Fernando Henrique Cardoso para o debate, enquanto os oposicionistas querem centrar fogo nas disputas internas entre os grupos da presidente Dilma Rousseff e do seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva. Os movimentos são estudados em paralelo à pressão da oposição por uma CPI mista, incluindo também deputados. O discurso governista de que a oposição tem como interesse real a privatização da Petrobrás será permeado a ataques pontuais à gestão tucana. Além de martelar a tentativa de troca do nome para Petrobrax - projeto de 2000 que acabou enterrado após gerar polêmica -, os aliados do Planalto querem incluir na pauta da investigação o afundamento da maior plataforma petrolífera do mundo, a P-36, ocorrida em março de 2001.Os governistas pretendem ainda explorar a negociação da estatal para a compra de ativos da espanhola Repsol na Argentina em troca de uma participação na Refinaria Alberto Pasqualini, no Rio Grande do Sul, em episódio também de 2001.A oposição, por sua vez, aposta que as disputas internas da companhia darão combustível para a investigação focar nos negócios suspeitos da gestão petista. Aliados dos pré-candidatos ao Planalto Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) já têm lotes de requerimentos prontos e atacarão inicialmente o ex-presidente da estatal José Sergio Gabrielli, o ex-diretor internacional Nestor Cerveró e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, que está preso desde o mês passado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal. A CPI passou a ser defendida pela oposição após o Estado revelar o voto favorável de Dilma na operação de compra da refinaria de Pasadena, que trouxe um prejuízo de US$ 530 milhões já reconhecido pela Petrobrás. Dilma argumentou que tal decisão foi tomada com base em um resumo executivo "técnica e juridicamente falho" e com "informações incompletas". Gabrielli era o presidente da companhia na época do negócio; Cerveró, o responsável pelo parecer; e Paulo Roberto, o representante da estatal em um conselho de acionistas com a sócia belga Astra Oil. A oposição vai requerer quebras de sigilo também do doleiro Alberto Youssef, preso na Lava Jato e apontado como responsável por lavar recursos de negócios suspeitos na estatal. Líderes da oposição na Câmara se reunirão nesta manhã para definir a estratégia para a investigação sobre a Petrobrás. Eles solicitaram audiência com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para cobrar dele a instalação da CPI mista - com a participação de senadores e deputados. Renan deve anunciar hoje uma decisão sobre a instalação da CPI. Seus colegas de PMDB o pressionam para que não recorra a fim de tentar reverter a decisão do Supremo de mandar instalar já a investigação parlamentar.

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