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Alckmin e Aécio: forças antagônicas dentro do PSDB

Por Julia Duailibi
Atualização:

Ao lado da candidata do PSB, Marina Silva, o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, é o principal derrotado com a passagem de Aécio Neves (PSDB) para a segunda etapa da disputa presidencial, independentemente da vitória de ontem no primeiro turno. Até o mês passado, o terceiro lugar de Aécio nas pesquisas projetava Alckmin como a maior liderança do PSDB no pós-eleição e candidato à Presidência em 2018. Agora, torna-se inevitável a polarização.

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Governador do maior colégio eleitoral do País, onde estão os principais financiadores de campanha, Alckmin já seria por si só um candidato natural ao Planalto. A vitória em primeiro turno, sob condições administrativas adversas, como a crise na segurança e no abastecimento de água, aliada à impossibilidade de disputar a reeleição, torna a disputa pela Presidência quase um fato, principalmente em um cenário de derrota de Aécio para Dilma Rousseff (PT).

Quase, porque Alckmin deve encontrar agora contratempos na trajetória. O principal deles é Aécio, que, mesmo se for derrotado, pode querer voltar em 2018 – isso sem contar com outros presidenciáveis no PSDB, como Beto Richa, reeleito no Paraná, e o senador eleito José Serra. Alckmin também terá de enfrentar uma crise no abastecimento de água com potencial para lhe causar um desgaste sem precedentes. 

Outra dificuldade é ele mesmo. O seu perfil de político insosso, que lhe rendeu o apelido de picolé de chuchu, é uma qualidade entre o eleitor paulista, em um Estado que quer pouca intervenção do governo. Mas talvez seja um entrave para a sua projeção nacional. O resultado do primeiro turno mostra que o discurso antigovernista de Aécio foi eficiente, o que lhe dá munição para atravessar o deserto de quatro anos na oposição. É munição que Alckmin não tem hoje. 

O fator Serra também conta a favor de Alckmin na disputa contra Aécio. Com a derrota de seu candidato em Minas, depois de 12 anos de governo do PSDB, o mineiro terá atuação restrita ao Senado, onde dividirá os holofotes como voz oposicionista com Serra, craque em ocupar espaços políticos. Caso o senador eleito se alie ao governador paulista, em troca do apoio para disputar o Palácio dos Bandeirantes, em 2018, Alckmin avança algumas casas no jogo nacional contra Aécio. 

A partir de hoje Alckmin começará a “amassar barro”, como gosta de dizer, de olho na próxima eleição. Antes, entretanto, terá de torcer para Aécio perder o segundo turno. Se o mineiro ganhar, será candidato em 2018, a despeito das declarações a favor do mandato de cinco anos com o fim da reeleição. E a Alckmin sobrará o retiro dos governadores. O Senado.

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