PUBLICIDADE

Alas do PT buscam espaço após protestos

Campanha pelo comando do partido, que começa hoje em Brasília, terá cinco candidatos e discursos mais críticos ao governo de Dilma

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Enquanto os operadores políticos do Palácio do Planalto se desdobram para estancar a queda de popularidade da presidente Dilma Rousseff, as correntes internas do PT apostam que as manifestações populares podem mudar a correlação histórica de forças do partido. O processo de eleições diretas petistas, o PED - que começa hoje, em Brasília, com o lançamento da candidatura do deputado paulista Paulo Teixeira à presidência pela tendência Mensagem ao Partido - pode abrir flancos para que tendências minoritárias e mais críticas ao governo federal assumam o papel de protagonistas na legenda.A "oposição" interna almeja ampliar a influência no comando da campanha presidencial de 2014 e nos rumos do governo. O cenário de acirramento da disputa que se desenha pode significar, ainda, mais uma fonte de desgaste para o governo federal, que se esforça para manter uma agenda positiva. Desde que foi fundado em 1980, o PT é dirigido majoritariamente pelo mesmo grupo político. Antes chamada de Articulação, a corrente do ex-presidente Lula, do ex-ministro José Dirceu e da presidente Dilma foi rebatizada como Construindo um Novo Brasil (CNB). Antes das manifestações, os petistas esperavam uma reeleição tranquila do atual presidente, o deputado estadual paulista Rui Falcão, que já está na linha de frente da campanha pela reeleição de Dilma. Com votação marcada para o dia 10 de novembro, o PED já conta com quatro candidatos além dele. Falcão tinha marcado o seu lançamento para o último dia 27, mas adiou o evento depois que as manifestações tomaram conta do noticiário. Os outros nomes são de correntes mais à esquerda: Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, Renato Simões, da Militância Socialista, e Markus Sokol, do Trabalho. Ex-líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira acredita que as manifestações provocarão uma mudança no cenário da direção petista. "Algumas forças colocavam o resultado do PED como certo. Agora ele é incerto", diz. "As manifestações farão muito bem ao PT. O impacto será positivo para o PED", prevê Renato Simões. Para Valter Pomar, o PED será, como em 2005, "uma demonstração de que sob pressão o PT fica melhor e mais sintonizado com os interesses populares". Para garantir a manutenção da hegemonia de seu grupo, o ex-presidente Lula escalou o ex-ministro Luiz Dulci, atual diretor do Instituto Lula, para coordenar a campanha de Falcão. A expectativa é de uma campanha pontuada por fortes críticas ao governo federal e ao atual comando partidário. "É preciso retomar as bandeiras da fundação do PT, como a reforma agrária, a redução da jornada de trabalho para 40 horas e o uso de verba pública apenas no serviço público", diz Markus Sokol. A principal crítica dos petistas ao governo federal atinge um dos pontos mais vulneráveis da presidente: a articulação política. "A presidente percebeu que o diálogo com o Congresso e os movimentos sociais precisa ser melhorado", afirma Paulo Teixeira. Essa tese é compartilhada pelas correntes menores. "Dilma tem relações institucionais com os movimentos sociais, mas dialoga pouco com o conjunto da sociedade. O governo também tem sido infeliz nas articulações da base governista", afirma Simões. "Só conseguiremos ter crescimento e melhoria nas condições sociais se dermos um salto de qualidade, no sentido de reformas estruturais, o que ainda não foi feito", pontua Valter Pomar. Criado há dez anos, o PED usará pela primeira vez apenas recursos "públicos" oriundos do caixa do PT para a campanha. A ideia é mimetizar a proposta de reforma política.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.