PUBLICIDADE

Ajuda é insuficiente e haitianos enfrentam caos no Acre

Surto de diarreia agrava situação em galpão de Brasileia onde 480 imigrantes dividem área na qual só cabem 200

Por Itaan Arruda e Rio Branco (AC)
Atualização:

A "ajuda humanitária" do governo brasileiro aos haitianos beira o caos na pequena Brasileia, cidade acriana a 240 quilômetros de Rio Branco. O atendimento no único hospital da cidade, o Raimundo Chaar, "piorou um pouco mais", reconhece a gerente-geral da instituição, Leonice Maria Bronzeado, preocupada com a alta incidência de casos de diarreia - que atualmente representam 90% dos casos dos haitianos internados.O hospital, dedicado a urgência e emergências, só tem 46 leitos. "Mas, na medida do possível, eles (os haitianos) são todos atendidos", avisa a gerente-geral. Não se sabe ainda o que causa os surtos de diarreia, "Eles podem ser causados pela água ou pela comida temperada, à qual não são acostumados", especula a diretora.Cerca de 480 imigrantes dividem hoje um galpão improvisado onde cabem no máximo 200 pessoas. Desde dezembro de 2010, quando começaram a chegar os primeiros imigrantes, já passaram pelo Acre mais de 10 mil haitianos.A ONG Conectas Direitos Humanos, que acompanha a assistência no local, fez um relatório crítico ao governo, expondo o que classificou como "jogo de palavras" no serviço prestado aos imigrantes. "É insalubre, desumano até. Os haitianos passam a noite empilhados uns sobre os outros, sob um calor escaldante, acomodados em pedaços de espuma que algum dia foram pequenos colchonetes, no meio de sacolas, sapatos e outros pertences pessoais", relata o coordenador da ONG, João Paulo Charleaux. Segundo ele, a área das latrinas "está alagada", falta sabão, os internados se queixam de dores constantes. "Muitos passam meses nessa condição". A Secretaria estadual de Justiça e Direitos Humanos calcula que o hospital tem uma dívida de R$ 500 mil só com um pequeno restaurante que fornece a alimentação diária. Mas, para os haitianos, o maior problema dos haitianos hoje é a redução no número de empregos. Até semana passada, havia cerca de 830 haitianos em Brasileia. Hoje, caiu para pouco mais de 400.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.