Agronegócio tem medo de mim, mas deveria sorrir, diz Marina em fazenda em Goiás

Candidata da Rede participa de evento com agricultores e promete produtividade aliada à sustentabilidade

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Por Mariana Haubert
Atualização:

BRASÍLIA - Na tentativa de se aproximar de setores do agronegócio, Marina Silva, candidata da Rede à Presidência da República nas eleições 2018, afirmou nesta sexta que, em seu eventual governo, defenderá a expansão da agricultura sustentável, a ampliação da oferta de crédito para produção, a diversificação de projetos para facilitar o acesso aos recursos, e a criação de oportunidades para melhorar a assistência técnica para pequenos, médios e grandes produtores. 

"Temos no nosso plano de governo o objetivo de fazer do Brasil o país mais sustentável e com maior produtividade agrícola do mundo", disse. Marina visitou a Fazenda Santa Brígida, em Ipameri, no interior de Goiás. A propriedade é considerada pela Embrapa como modelo de produção sustentável. 

Marina Silva, candidata da Rede à Presidência Foto: Dida Sampaio/Estadão

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Marina também defendeu a abertura de espaço comercial internacional para a escoação de produtos brasileiros. "Vamos buscar abrir espaço comercial, desconstruindo barreiras não tarifárias para os nosso produtos. Quem conhece o carteado, sabe como abrir os caminhos", disse. 

Dentre as propostas para o setor, a candidata citou também a expansão da agricultura de baixo carbono no âmbito do Plano Safra e a ampliação das tecnologias desenvolvidas pela empresa. "Vamos fazer isso para que os nossos agricultores continuem gerando emprego e renda e o Brasil possa reduzir a sua meta de emissão de CO2 no âmbito da Convenção do Clima", disse. 

Marina destacou a necessidade de se investir em plantações e cultivos com baixo impacto de carbono, com a integração do sistema lavoura-pecuária-floresta, e com a recuperação de pastagens degradadas e a implementação da técnica de fixação biológica de nitrogênio no solo para aumentar a produção. "A gente vai dobrar, triplicar a nossa produção por ganho de produtividade. [...] O agronegócio tem medo de mim, mas comigo deveria ficar sorrindo como vocês ficaram", afirmou Marina. 

A candidata lembrou que existem cerca de 50 milhões de hectares, 30 milhões deles só no Cerrado, desmatados no país para produção agrícola mas a produtividade da maior parte desta área ainda não é satisfatória. Ela defendeu o emprego de novas tecnologias aliadas à práticas sustentáveis para que seja possível produzir mais em uma menor área. 

Durante a visita à fazenda, a candidata conheceu as práticas adotadas na propriedade e escutou dos agricultores alguns pedidos para o setor, principalmente em relação à mudanças na forma de se obter crédito agrícola. "Sem crédito não tem solução. E ele precisa estar disponível de uma forma mais rotativa, menos engessada. Hoje se libera o recurso por produto mas precisamos que ele seja liberado por sistema", afirmou a proprietária da fazenda, Marise Porto. Ela cobrou ainda que Marina tenha uma "equipe afinada que jogue o jogo junto com você".

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"Eu decidi vir aqui nesta fazenda justamente para mostrar que é possível ter esse tipo de experiência em grandes propriedades, com grande escala. Porque, às vezes a gente mostra uma iniciativa do pequeno produtor e as pessoas não acreditam que isso pode ser feito em outros lugares também. Não precisamos inventar a roda, a roda está feita. A gente só precisa implementar o que já existe", disse. 

Marina criticou também a chama "PEC do Veneno", uma proposta de emenda à Constituição, que está em tramitação na Câmara dos Deputados. O texto libera o uso de agrotóxicos que já são proibidos no país. Questionada se vetaria a proposta, Marina afirmou que ela prejudica a competitividade do mercado agropecuário do país. 

"O projeto não é adequado para o Brasil. Para o Brasil se tornar competitivo na agricultura, quanto melhor forem as nossas práticas, maior chance de colocar os nossos produtos lá fora. Não é necessário que a nossa agricultura lance mão de agrotóxicos condenados nos Estados Unidos e Europa. Se fizer isso, teremos mais dificuldade de vender nossos produtos lá fora", disse. 

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