BELO HORIZONTE - Cotado como candidato do PSDB ao Palácio do Planalto em 2018, o senador Aécio Neves tornou-se o personagem central do segundo turno em Belo Horizonte. Afastado do palanque eletrônico no primeiro turno, Aécio decidiu reagir aos ataques do candidato do PHS, Alexandre Kalil, e entrou ontem no horário eleitoral para se defender.
Em uma mensagem de dois minutos, Aécio citou o avô, Tancredo Neves, o ex-deputado Ulysses Guimarães e defendeu a “boa política”. “Eu não pretendia usar esse espaço da campanha na última semana. Esse espaço devia ser utilizado para os candidatos mostrarem suas ideias. Mas a tentativa dos nossos adversários de desconstruir tudo aquilo que fizemos em Minas, me obriga a estar aqui hoje”, disse o senador.
Em seguida, Aécio critica o adversário por fazer uma campanha “contra a política”. “Não existe democracia sem a boa política. É o autoritarismo e prepotência”, afirmou.
Desconstrução. Para tentar desconstruir o rival João Leite, candidato do PSDB, o empresário e ex-cartola Alexandre Kalil passou a usar o senador para hostilizar a classe política. Em inserções no rádio e TV e nos debates, Kalil liga Aécio ao governador do Estado, Fernando Pimentel (PT), e lembra que eles se uniram para eleger em 2008 o atual prefeito, Márcio Lacerda, do PSB. No debate da TV Bandeirantes, o candidato do PHS chegou a mandar Aécio e Pimentel “para o inferno”.
Kalil também critica o projeto de Aécio de concorrer à presidência e tenta colar nele a Operação Lava Jato. O senador mineiro, que disputou a Presidência em 2014, foi citado por delatores envolvidos no escândalo. Desde o primeiro turno, quando tinha apenas 20 segundo de tempo de TV, o candidato do pequeno PHS usa o slogan “Chega de políticos”.
Críticas. A estratégia do candidato do PHS, que não quis se responder as perguntas do Estado, é criticado pelos partidos que são antagonistas em Minas Gerais. “Campanha dele é agressiva com os políticos. Isso é o que há de pior na mais velha política. Ele se aproveita da indignação da população, canaliza isso como se fosse um salvador da pátria”, diz o deputado federal Domingos Sávio, presidente do PSDB mineiro.
“Ele quer engatar a campanha nesse sentimento anti-político. (O prefeito eleito João) Doria em São Paulo usou uma estratégia parecida, só que mais sofisticada. Ele se assumia como aliado do Alckmin. O desgaste de PSDB e PT é muito grande. Kalil quer se desvincular dos dois”, diz Rogério Correia, deputado estadual do PT.