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Aécio propõe solução ‘café com leite’ para tucanos

Senador mineiro fala em chapa com colega paulista Aloysio Nunes para acalmar Serra

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Por João Domingos
Atualização:

BRASÍLIA - O senador Aécio Neves (PSDB-MG) defendeu nessa terça-feira, 5, uma chapa puro-sangue e "café com leite" para a sua candidatura a presidente da República em 2014. Durante almoço com senadores do PTB, PR, PRB e PSC, ele afirmou que o ideal é disputar a eleição tendo o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) na vice e o ex-governador e correligionário José Serra como candidato a senador. Ligado a Serra, a entrada de Aloysio teria o potencial de tirar o ex-governador da disputa interna e garantir ao PSDB cerca de 2 milhões de votos à frente da petista Dilma Rousseff em São Paulo, revelou Aécio, segundo relato de senadores que participaram do almoço no gabinete do líder do PTB, Gim Argello (DF).O termo "café com leite" é associado à República Velha (1889/1930), quando São Paulo e Minas Gerais, os dois Estados mais poderosos da Federação na época, faziam um rodízio na indicação do candidato a ser apoiado nas eleições para a Presidência.Nas contas de Aécio, com os 2 milhões de frente em São Paulo e mais 3 milhões em Minas, Estado que governou por dois mandatos e onde possui alta popularidade, o PSDB teria boas chances de avançar ao 2.º turno. "É muito importante ter o senador Aloysio na vice", disse o mineiro, ainda conforme relato de senadores. O tucano calculou ainda que terá vantagem sobre Dilma nos Estados da Região Sul. Os quatro partidos que estiveram à mesa do almoço pertencem a legendas afinadas com a presidente Dilma Rousseff. No encontro, Aécio procurou convencê-los de que podem mudar de aliado sem sustos. O senador Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), que participou do almoço, disse que ouviu os argumentos de Aécio com atenção, mas ainda não está convencido das chances do mineiro. "É preciso esperar para ver", disse. O PSDB decidiu mostrar a Serra que o candidato da legenda é mesmo o senador. Na segunda-feira, Aécio almoçou no Palácio dos Bandeirantes com o governador Geraldo Alckmin e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A candidatura foi reafirmada. Ao mesmo tempo, a bancada do partido na Câmara e os dirigentes nos Estados manifestaram o apoio a Aécio. À noite, o mineiro conversou com Serra. "Nos interessava dar o recado a Serra de que o candidato é Aécio Neves. Isso foi feito", disse ao Estado o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), ex-líder do partido na Câmara. "Não há mais dúvida nenhuma. O candidato já foi definido." Com a garantia de que, à exceção de Serra, o restante do partido já o apoia, Aécio decidiu não endossar a iniciativa da bancada federal de antecipar o lançamento da candidatura. O acordo com Serra é que a definição ocorra apenas em março de 2014. "Um mês a mais, um mês a menos, isso não importa. Importa é a unidade do partido", afirmou Aécio, que fez uma série de agrados a Serra e classificou como "legítimas" as viagens do ex-governador paulista pelo País. "Deixem o Serra trabalhar em paz. Na campanha eleitoral, quando você olhar para um, você vai enxergar o outro."

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