
15 de dezembro de 2012 | 02h07
Parlamentares disseram ontem, no Congresso, que não temem possíveis novas revelações do ex-diretor da Agência Nacional de Águas (ANA) Paulo Rodrigues Vieira, apontado pela Polícia Federal como chefe da máfia dos pareceres, diz ter. "Quem tiver qualquer coisa para dizer, a bem do Estado, que diga", reagiu o deputado federal André Vargas (PT-PR), que também é secretário de Comunicação do partido. "Não temos nenhum temor (sobre as revelações). Não há dúvida de que esse tipo de ameaça começa a lançar dúvida sobre todo mundo", criticou Vargas.
Entre os tucanos, o discurso é o mesmo "Se há algo errado, ele deve denunciar. O que não se admite é esse jogo, esses integrantes de quadrilha são sempre jogadores", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), que definiu as ameaças como "factóides". Dias advertiu que, se tentar envolver o PSDB, Vieira agirá para "desviar o foco". E o conclamou a comparecer ao Senado com o irmão Rubens (ex-diretor da Agência Nacional de Aviação Civil ), também acusado de participação no esquema. "Que venham os dois. É só marcar o dia."
Como revelou ontem o Estado, Paulo Vieira - que ontem foi denunciado pelo Ministério Público - trocou de advogado e já cogita recorrer ao dispositivo de delação premiada - diminuição de pena em troca de informações - envolvendo gente "mais graúda" no episódio.
Moda. "Virou moda falar isto: buscar a delação como forma de perdão para os seus pecados", ironizou o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP). O líder do PT no Senado, Walter Pinheiro (BA), classificou como "estranha" a atitude de Vieira. Se ele tem algo "comprometedor" a dizer, que procure à PF e o Ministério Público, sugeriu. Para o petista baiano, Vieira deveria, ao menos, esclarecer o que fez enquanto esteve no cargo.
Outro petista, o senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que as acusações da Operação Porto Seguro não envolvem diretamente nenhuma liderança do partido. Ele lembra que a investigação já está em fase adiantada na Polícia Federal. "Quem tem que se preocupar é ele, pelo que fez", completou o deputado Paulo Teixeira (PT-SP).
Denúncia. Ontem, Paulo Vieira foi apontado como líder do grupo e denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de corrupção ativa, falsidade ideológica, falsificação de documento, tráfico de influência e formação de quadrilha. O nome do ex-diretor da ANA consta como filiado ao PT desde setembro de 2003 na lista divulgada pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo.
O vice-líder do PPS na Câmara, Arnaldo Jordy (PA), apresentou ontem à Mesa Diretora da Casa um requerimento para saber quais providências o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência adotou antes da nomeação de Paulo Vieira para a agência reguladora. Jordy quer saber se a Agência Brasileira de Inteligência, órgão subordinado ao GSI, o investigou antes de ele ser empossado na ANA.
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