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A nova política e os novos interlocutores

Por CENÁRIO: Malu Delgado
Atualização:

Quando insiste na tese da "nova política", a ex-ministra Marina Silva costuma citar, reservadamente, a prevalência da política velha nos governos Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O governo FHC foi tutelado por Antonio Carlos Magalhães, líder da UDN, aliado de Geisel no governo militar, o político mais influente na Bahia na era do carlismo e quase "dono" do Congresso. ACM exerceu mandatos de senador, poderoso, de 1995 a 2007, quando morreu de falência múltipla dos órgãos, aos 79 anos. Fiador da aliança do PFL com o PSDB para eleger Fernando Henrique, ACM manteve influência indiscutível até o início do segundo mandato, ainda que tal poder incomodasse aos tucanos. Já a Era Lula foi marcada pela forte presença do ex-presidente José Sarney, o cacique do PMDB. Para além de seu domínio político no Maranhão, foi com Sarney, na presidência do Senado (de 2003 a 2012), que Lula contou para segurar crises da base aliada em seus dois mandatos e manter o PMDB coligado sem fortes turbulências. Sarney tem mandato até 2015, mas já dá sinais - por problemas de saúde e por conta da idade - de que seu reinado passou. É neste cenário que a presidente Dilma Rousseff pode colocar o apoio a um "comunista", Flávio Dino, inimigo do clã Sarney, para presidir o governo do Maranhão. Voltando a Marina, uma nova política teria em Lula e em FHC interlocutores qualificados, e não mais os caciques movidos pela lógica fisiológica do poder.

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