
29 de setembro de 2014 | 03h00
Os protestos que tomaram as ruas de todo o País em junho de 2013 não se voltaram contra este ou aquele governo, muito menos clamaram por um novo representante. Ao forçar a revogação do aumento da tarifa, a população recusou uma decisão tomada em seu nome e agiu diretamente sobre sua própria vida. Interrompendo o trânsito, abriu um caminho explosivo: interveio diretamente na política, sem submeter-se a intermédios.
Não surpreende que, hoje, nenhuma das principais candidaturas apresente resposta ao problema do transporte coletivo.
Especial - Desafios: Serviços
Não surpreende que não apareçam sequer propostas no sentido de uma redução das tarifas ou da tarifa zero. É algo que não se pode esperar daqueles que estão inevitavelmente comprometidos com a conversão de toda a vida em mercadoria. E que precisam, para isso, que cada um se torne um espectador do jogo político, delegando a eles sua voz e seu poder de decisão.
Como mostraram as manifestações do ano passado, as transformações não vêm de cima, mas de baixo, dos que sofrem dia após dia em ônibus e vagões abarrotados, para ir e vir em uma cidade voltada para o lucro.
Desde junho de 2013, greves, ocupações e protestos, embora menos massivos, se multiplicam por todo o País. A resposta violenta do Estado é apenas mais um sinal do desconforto da classe dominante quando, para mudar a realidade, os explorados passam, cada vez mais, a confiar apenas nas suas próprias forças.”
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