A guerra suja para aparecer

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Por Redação
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A disputa pelo domínio de um reduto eleitoral é feita literalmente na conquista de território. Para espalhar placas, cavaletes, cartazes e banners com a foto, o nome e o número de um candidato, equipes de campanha chegam a instalar a propaganda sem pedir autorização aos comerciantes e proprietários de imóveis e até atacam as peças publicitárias dos adversários. Na corrida para dar a maior visibilidade possível a quem disputa uma vaga de vereador, vale até driblar a Lei Cidade Limpa, bandeira da gestão de Gilberto Kassab (PSD).Na região do Campo Limpo e do Capão Redondo, por exemplo, a campanha do vereador e ex-presidente da Câmara Antonio Carlos Rodrigues é das mais ostensivas. Cavaletes do parlamentar estão por praticamente todas as principais vias desses bairros.Na semana passada, a reportagem do Estado viu um cabo eleitoral de Rodrigues, Manoel Nivaldo dos Santos, de 53 anos, derrubando cavaletes de adversários do vereador na zona eleitoral. A tática não é exclusiva dessa campanha e é repetida por equipes de outros candidatos, em quase toda a cidade.Outra estratégia recorrente das equipes de campanha nas ruas é procurar comerciantes para instalar placas e banners. Dono de um pequeno lava-rápido próximo da Avenida Carlos Caldeira Filho, Antonio Barbosa disse ter sido procurado por um cabo eleitoral do vereador para "quebrar um galho" e instalar o material de campanha. Mesmo quando não é possível contatar o proprietário de um imóvel comercial, isso não significa que a propaganda eleitoral deixará de ser exposta em vias de grande circulação nesses redutos. "Esse pessoal pulou aqui de madrugada e colocou os postes. Reclamei na subprefeitura, mas ainda não fizeram nada", disse o gerente do Habib's da Avenida M'Boi Mirim, Givanildo Piloto, de 29 anos.O gerente referia-se a material de campanha do vereador Milton Leite (PSD), espalhados por praticamente toda a região do M'Boi Mirim. Placas com a foto, o nome e o número do vereador estão afixadas até dentro de uma usina de asfalto ao lado da Subprefeitura da região que presta serviços para a Prefeitura. Na fachada de um açougue do bairro - que, como todo comércio, está submetido às regras da Lei Cidade Limpa e não pode ultrapassar os 4 metros quadrados de área -, a placa do vereador chega a ser maior que a da própria loja.A Prefeitura fiscaliza a propaganda dos candidatos em parceria com o Tribunal Regional Eleitoral. E dá apoio na remoção e armazenagem das peças consideradas irregulares, por orientação da Justiça Eleitoral. Mas ainda falta integração e ações de fiscalização, segundo funcionários diretamente envolvidos. / D.Z.

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